Parceria entre SESC e Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (MAE) origina exposição sobre a resistência indígena

“Adornos do Brasil Indígena: resistências contemporâneas” reuniu mais de 200 peças

Mural do artista Francisco Rodrigues da Silva, o Nunca, na entrada do Sesc Pinheiros. Foto: Carla Camila Garcia

Por Carla Camila Garcia – carla.camilag@gmail.com

Inaugurando o acordo de cooperação firmado entre o Serviço Social do Comércio (SESC) e a Universidade de São Paulo em julho de 2016, a exposição Adornos do Brasil Indígena: resistências contemporâneas apresentou ao público mais de 200 peças do MAE. Para dialogar com este acervo, o SESC Pinheiros exibiu em conjunto até 8 de janeiro de 2017 uma seleção de obras contemporâneas de artistas brasileiros, como Anna Bella Geiger, BenéFontelese Lygia Pape.

De acordo com Moacir dos Anjos, curador da mostra, a ideia de unir em um mesmo espaço artefatos do cotidiano indígena e peças de arte contemporâneas é diminuir o distanciamento entre indígenas e não indígenas. Na instalação, o adorno é apresentado como expressão cultural das diferentes etnias e como forma de resistência das culturas tradicionais brasileiras. Para a visitante Conceição Maria Vieira, descendente de índios da etnia Gamela, “o povo indígena muitas vezes é esquecido, então é muito importante e prazeroso ver uma exposição como essa. É uma satisfação”.

Indumentária indígena completa apresentada na exposição. Foto: Carla Camila Garcia

A mostra foi dividida em três eixos: o corpo como suporte de resistência, as celebrações como resistência e os testemunhos de resistência. As obras contemporâneas que integraram a exposição se relacionam com os adornos indígenas de duas maneiras: como afirmação das diferenças dos povos e para evidenciar a tradição do adorno na arte de não indígenas e os usos que deles são feitos nas culturas nativas do Brasil, criando aproximações e atritos entre formas e significados.

“A partir dessa ‘equação temática arqueológica e etnográfica’, referendada pela potencialidade do acervo do MAE, fomos sensibilizados pela equipe do SESC a vincular este enfoque temático com a produção de Arte Contemporânea. Produção esta preocupada e direcionada para as questões indígenas do Brasil”, disse Maria Cristina Oliveira Bruno, diretora do MAE.

Máscaras indígenas. Foto: Carla Camila Garcia

Estiveram presentes na mostra objetos indígenas de várias etnias e regiões do país: Waurá (MT), Suyá (MT), Krahô (TO), Rikbaktsa (MT), Bororo (MT), Guarani (SP), Kayapó-Xikrin (PA), Kaxinauá (AC) e Karajá (GO).

 

Maria Cristina esclareceu que “o MAE deu prioridade a este projeto expositivo em 2016. Por um lado, o diálogo com o SESC nos colocou em conexão com toda uma dinâmica institucional muito diferente dos procedimentos universitários, aproximando o museu de um público muito mais amplo e diversificado. Esta parceria permitiu, do ponto de vista orçamentário, a realização de recursos expográficos e educativos que seriam inviabilizados em função dos nossos pequenos recursos financeiros. Consideramos esta experiência extremamente positiva para o MAE”.

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