Pesquisa aponta novos caminhos para controle microbiológico da água para remédios

Método de citometria de fluxo é opção mais segura e rápida

Métodos alternativos podem garantir mais segurança para água farmacêutica. (Fonte: Pixabay)

O método de semeadura, o mais utilizado, pode não ser a melhor maneira de verificar a quantidade de microorganismos na água usada em medicamentos. É o que indica a dissertação de mestrado de Wesley Oliveira, Desafios emergentes na segurança e qualidade microbiológica da água para uso farmacêutico, pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. “É um método simples, barato e usado desde o século 19, mas pode ser melhorado”, afirma o pesquisador. Como possibilidade, ele destaca a citometria de fluxo.

A semeadura pode ser feita em profundidade, quando a amostra de água é misturada ao meio de cultura em uma placa de Petri e incubada para verificar a proliferação de microorganismos, ou em superfície, com a alíquota espalhada no meio de cultura já na placa. “Há uma limitação grande em relação ao meio de cultura, pois ele não é capaz de ser ideal para todos os microorganismos”, diz Oliveira, uma vez que cada ser vivo exige condições específicas para se desenvolver, como temperatura de incubação ideal e necessidades nutricionais. Assim, não é possível verificar a existência de diversos organismos com apenas um meio de cultura.

Além disso, é um processo demorado que não dá dimensão exata do que contém a amostra. “Os testes demoram em média 14 dias e apresentam uma fotografia do que era o conteúdo, o que não é factível”, conta o pesquisador. O espaço para armazenamento da água enquanto os resultados dos testes não ficam prontos é grande. “É caro ter uma armazém nas condições obrigatórias da legislação sanitária. Aquilo fica em quarentena, porque não pode ser vendido enquanto não houver aprovação.”

A citometria de fluxo, por sua vez, é um método universal que disponibiliza o resultado em horas. Por meio de um citômetro, aparelho similar a um microscópio que usa laser para emitir um comprimento de onda, gera-se informações sobre os organismos detectados como seu tamanho e se está vivo ou morto. “Ele consegue detectar, por exemplo, células muito pequenas e viáveis não cultiváveis, seres que entram em dormência em certas condições”, afirma Oliveira. Assim, há maior controle microbiológico da água e maior segurança para o consumidor: com os resultados rápidos, há possibilidade de correção e controle. “Há experiências internacionais que mostraram as vantagens do método para a indústria.”

“Mas que empresa vai correr o risco de colocar em xeque seu próprio método?”, questiona o pesquisador. Com a citometria de fluxo, um modo mais analítico de avaliar as amostras, mais contaminações serão identificadas. “Pode ser que elas não representem problemas no produto final, mas levantam uma bandeira vermelha para a empresa. É uma faca de dois gumes.” Além disso, trata-se de um processo de alto investimento inicial. “A mão de obra muito especializada com atualização constante necessária também encarece a citometria”, afirma Oliveira.

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