Pacientes com enfisema têm diminuição dos sintomas causada devido a maior entendimento da doença, diz pesquisa

Poluição do ar e fumaça de cigarros são principais causas de enfisema ou bronquite. Foto: Marcos Santos/ USP Imagens

A DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) é uma das doenças crônicas mais comuns, sendo a quarta maior causa de mortes no mundo. Ela se caracteriza por uma obstrução crônica dos brônquios pulmonares e é causada majoritariamente pela fumaça de cigarros e poluição do ar. Popularmente, é conhecida como enfisema ou bronquite e o exame que detecta a doença é a espirometria, que mede o nível de obstrução dos brônquios.

A doença possui tratamento já muito bem conhecido: bloquear o avanço da doença, já que não tem cura. No entanto, a tese da pesquisadora Aline Lopes complementa os estudos sobre a doença, apontando que os sintomas e o avanço da doença não têm relação unicamente com a gravidade, mas também com fatores psicológicos e sociais. O fator utilizado pela pesquisadora em seu estudo é o da percepção da doença.

A percepção da doença consiste no quanto o paciente entende o curso da doença e os sintomas decorrentes dela, ou seja, o quanto a pessoa sabe o que está acontecendo no seu próprio corpo e com a doença crônica que a afeta. Estudos sobre a percepção da doença já foram feitos com base em outras doenças crônicas, como o câncer, asma e diabetes mellitus mas é pouco compreendida no caso da DPOC.

Dentre os principais sintomas da DPOC, estão o cansaço ao esforço e dispneia (falta de ar), que se agravam com o avanço da doença, podendo o paciente sentir cansaço em atividades cotidianas como se alimentar e tomar banho.

A pesquisadora conta que pesquisas já eram feitas a respeito do exercício de atividades físicas em pacientes com DPOC. Entretanto, constatando que pessoas com idades, condições físicas e níveis de avanço da doença semelhantes apresentavam diferenças grandes na capacidade de exercer atividades, o que aponta que outros fatores influenciam na gravidade da doença e manifestação dos sintomas. “Por exemplo, pacientes têm o mesmo peso e a mesma capacidade, mas um faz exercício e o outro não. Por quê? Por conta desses fatores psicossociais, como a motivação.”

O estudo da pesquisadora contou com 150 pacientes com DPOC atendidos no Hospital das Clínicas da FMUSP e avaliou justamente a relação entre a percepção da doença e a intensidade dos sintomas respiratórios. Os resultados mostraram que, independentemente do nível de avanço da doença, quanto maior o entendimento do paciente a cerca da doença, menor a manifestação dos sintomas dela. Isso significa que pacientes com a mesma obstrução pulmonar, medida pela espirometria, apresentam graus diferentes de sintomas.

Segundo a pesquisadora, esforços para aumentar a percepção da doença nos pacientes com DPOC são possíveis e consistem basicamente em aconselhamento, educação e até mesmo acompanhamento psicológico quando possível, a fim de deixar o mais claro possível para os pacientes o que é a doença que o afeta. Isso compreende explicitar que a DPOC é uma doença sem cura, tendo-se que muitos pacientes não têm a noção de que são afetados por uma doença crônica, explicar o porquê dos sintomas e incentivar os exercícios físicos, já que muitos são desmotivados pelo cansaço causado pela doença.

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