Pioneiro da AUN inaugura série de palestras para comemorar cinqüentenário da Agência Universitária de Notícias da USP

José Luiz Proença explica o dia a dia da agência e relembra histórias do laboratório em seus 50 anos de existência

Professores André Chaves de Melo Silva e José Luiz Proença responsáveis pela disciplina CJE0590 Laboratório de Jornalismo - Agência de Notícias. Foto: Felipe Fabbrini.

Por Arthur Zalewska, Felipe Fabbrini, João Almeida, Matheus Lopes e Vinícius Bernardes

Para marcar a contagem regressiva rumo ao cinqüentenário da Agência Universitária de Notícias, o professor José Luiz Proença expôs[1] suas experiências em quatro décadas como professor responsável pela AUN. Atualmente, a disciplina, Laboratório Agência de Notícias, vem sendo ministrada ao lado do professor André Chaves de Melo Silva, como atividade laboratorial obrigatória do curso de Jornalismo da ECA/USP.

A Agência é publicamente conhecida por fornecer informação científica e conteúdo produzidos na Universidade ao conhecimento de todos. Na AUN, cada estudante do segundo ano do curso de Jornalismo fica incumbido pela cobertura de uma unidade da USP durante um semestre inteiro, desenvolvendo, assim, conteúdos para o portal online e para a página do facebook diariamente. O objetivo é divulgar a produção de conhecimento realizada pelos diversos institutos da Universidade e mediar a linguagem técnica para o público em geral.

Proença destaca a importância das pesquisas científicas desenvolvidas na Universidade para a estruturação da disciplina hoje. Com bom humor e leveza, o docente relatou os obstáculos enfrentados pela Agência de Notícias, ao longo da história da publicação, apresentando os motivos que resultaram na adoção do atual formato. A escolha de um enfoque na produção acadêmica da própria Universidade foi um dos mecanismos encontrados para mantê-la viva, conforme aponta Proença.

Após a greve de 1975, a Agência Universitária atravessou diversos entraves para sua manutenção. A saída dos professores que ministravam a disciplina criou uma lacuna, que dificultava uma promissora retomada das atividades antes exercidas pela Agência. O Conselho da escola na época, querendo conservar a disciplina na grade, contratou dois professores para assumirem a direção da publicação, sendo cada um responsável por um dos períodos – matutino e noturno. “Houve, então, uma reunião do conselho e eles acharam que a gente deveria retomar a agência de notícias, mas dividida em duas turmas. Eu fui convidado para trabalhar com o pessoal da manhã, mas, devido a problemas, acabei, por fim, assumindo as duas turmas.”

Escolha de enfoque na produção acadêmica da própria Universidade foi um dos mecanismos encontrados para manter a Agência viva. Foto: Felipe Fabbrini.

Proença aponta ainda que, na época, a disciplina era ministrada no quinto semestre, sendo essa a genitora de outras que hoje compõem a grade curricular do curso de Jornalismo. O Jornal do Campus e seu suplemento Claro derivaram, segundo o professor, da estrutura sólida apresentada pela Agência. “[Os jornais que eram produzidos nos semestres posteriores à Agência] não tinham nenhuma espécie de continuidade. O Jornal do Campus acabou se configurando em função da Agência. Houve uma reformulação no curso e o periódico impresso conseguiu se estabelecer, da mesma forma que o Claro, e a revista [Babel] – hoje eletrônica.”

As constantes reformas na grade curricular foram as grandes responsáveis pelo formato de laboratório jornalístico assumido pela disciplina hoje, intitulada Laboratório Agência de Notícias. De acordo com o professor, foi difícil enquadrá-la naquilo que a Universidade considera como laboratório, uma vez que essa, diferentemente dos tradicionais, tinha como enfoque o exercício jornalístico e não a realização de experimentos físico-químicos – frequentes quando se possui tal denominação. A definição de laboratório, segundo ele, é aproximar o professor do aluno na construção daquilo que esse tem como proposta. A Agência de Notícias estabelece esse vínculo, na medida em que necessita de um acompanhamento constante do docente para a produção de informação.

Proença destaca também a importância do papel do setorista para a sociedade. A função do jornalista propicia, na concepção do professor, uma ponte entre a academia e a população. De acordo com ele, o comunicador deve traduzir o conteúdo de publicações científicas e de congressos para o cotidiano, tornando palpável a informação estudada. “A ciência não é produzida da noite para o dia, ela tem uma lógica. Pós-graduação, mestrado, doutorado, congressos e publicações são fundamentalmente áreas geradoras de informações”, completa o professor, ressaltando como a vasta produção científica da Universidade favoreceu o bom andamento da disciplina ao longo dos anos.

Para o exercício eficiente de seu papel, o setorista, segundo ele, não deve se esquecer da sede insaciável da comunicação pela “novidade”. Atentar-se àquilo que há de novo, independente do campo em que o setorista se insira, é fundamental para que esse cumpra sua função. Proença afirma ainda que “o jornalismo é fundamentalmente a questão da atualidade e da novidade. Dentro desses dois conceitos se produz jornalismo.”

[1] Palestra proferida no dia 30 de agosto de 2016. Todas as palestras deste ciclo comemorativo foram sediadas no auditório Freitas Nobre, do Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE/ECA/USP).

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*