Pesquisa propõe criação de método contraceptivo sem efeitos colaterais para cadelas

Caso uma molécula específica seja descoberta, as cientistas poderão desenvolver um método de prevenção natural, que não altera o metabolismo do animal

Caso o método contraceptivo tenha sucesso, a cadela não terá efeitos colaterais. Foto: Reprodução

O corpo lúteo é uma glândula temporária formada em todos os mamíferos após a ovulação e que permanece no ovário durante todo o período de gestação. Entretanto, ele aparece e regride de formas diferentes em cada espécie. Enquanto nos humanos são conhecidos todos os processos que envolvem a glândula, em cadelas, ainda não se sabe como ela regride. Esse foi um dos principais motivos que levou a professora Paula de Carvalho Papa, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, a pesquisar a molécula responsável por sinalizar a regressão do corpo lúteo nos cachorros.

Vanessa Uemura, pós-graduanda envolvida na pesquisa, explica: “É um link que ainda falta quando o assunto é a fisiologia de cães, mas, pensando além, saber como a glândula regride poderia ser vantajoso para descobrir os impactos na sociedade com o controle populacional de cães e também ajudar na saúde da cadela”.

Em relação ao controle populacional, a descoberta da proteína responsável pela regressão teria um impacto positivo principalmente nos cães de rua, porque serviria para a criação de um novo método contraceptivo, uma vez que apenas a castração não é suficiente para garantir esse controle e os métodos alternativos existentes causam diversos efeitos colaterais nas cadelas. “Óbvio que vamos pesquisar sobre os efeitos colaterais que a proteína traria no animal, mas o que a gente pensa é que se é uma molécula tão específica que sinaliza para aquele tecido, provavelmente ela não interfira em outras partes do corpo”, completa a pós-graduanda.

Além disso, nas cadelas, o corpo lúteo é formado após a ovulação e continua ativo mesmo caso não haja gestação. Assim, o animal fica 60 dias com a glândula produzindo hormônios variados em grandes quantidades, o que, além de ser um gasto energético alto, também provoca alterações metabólicas nele. “Então, numa cadela não prenhe, seria muito interessante sabermos a molécula para, caso ela precise, podermos regredir o corpo lúteo e controlar a alteração metabólica causada”, explica Vanessa.

A pesquisa está em andamento desde 2008, mas passou por um grande avanço nos últimos três anos. “Ainda não conseguimos responder a pergunta principal ‘qual é a molécula que causa a regressão do corpo lúteo?’, mas já sabemos a via pela qual ela é formada, que é a do estrógeno, e imaginamos que tenha uma proteína principal relacionada a isso”, explica Vanessa.  

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