Praias do Guarujá são pouco vulneráveis à erosão

Estudo fornece uma ferramenta importante para a gestão costeira na Baixada Santista

Vista da praia de Pitangueiras, no Guarujá

Das seis praias que existem na cidade do Guarujá, litoral de São Paulo, quatro são avaliadas como “pouco vulneráveis” à erosão, e outras duas possuem vulnerabilidade intermediária. A informação vem da tese de graduação de Talia Santos de Andrade, defendida em junho deste ano no Instituto Oceanográfico da USP (IO).

Para chegar a essa conclusão, Andrade foi a campo e coletou amostras de sedimento de pontos intermediários na extensão das praias do município, analisados posteriormente em laboratório. Além disso, mediu a altura e a posição geográfica desses pontos, e trabalhou com dados das ondas na região.

Munida dessas informações, a pesquisadora também pôde apontar as principais causas da erosão na região. “Utilizei cinco indicadores no estudo. O que foi mais alto em todas as praias foi a elevação do terreno, que é a altitude”, diz. Quanto mais alto o terreno, mais sedimento está pode ser levado por agentes externos. “A altura da maior praia era cerca de quatro metros, e isso foi classificado como uma vulnerabilidade moderada.”

Ela conta que outro indicador importante foi o ângulo de incidência das ondas: quanto mais as praias estiverem geograficamente alinhadas com o sentido das ondas, maior o potencial erosivo. “Isso acaba fazendo com que o sistema [costeiro] possa responder de uma maneira mais intensa. Pode ser o que mais contribui para a erosão ali.”

No caso do Guarujá, essas duas ocorrências são atenuadas largamente devido à presença de formações rochosas e ilhas, que protegem a costa da ação das ondas. “Também pelas praias terem aquele perfil mais plano, não terem aquela declividade tão alta, isso ajuda a não ter um transporte de sedimentos tão intenso”, conclui.

 

Políticas públicas

Ao final de sua tese, Andrade sugere utilizar a classificação de vulnerabilidade que ela obteve para estabelecer prioridades na gestão costeira, visando a manutenção dos recursos naturais dessas áreas. A principal medida a ser tomada pelas autoridades, nesse sentido, seria controlar a ocupação do local e recuperar as áreas afetadas.

“A zona costeira tem uma importância econômica e sociocultural. Se você perder aquela praia devido a um processo de erosão acentuada, vai comprometer o potencial turístico da região, o que pode afetar aquela população que vive ali e trabalha com turismo”, afirma a pesquisadora. Ela ainda alerta para o possível impacto da erosão sobre a pesca:

“A mudança na dinâmica sedimentar pode interferir nos organismos que vivem ali associados ao sedimento. Isso pode acabar comprometendo os peixes.”

Andrade avalia serem necessários mais estudos para compreender todos os riscos oferecidos às praias da Baixada. “Se você tem erosão num processo acentuado e vai deixando de lado, uma hora vai ter de investir dinheiro para recuperar o que foi perdido. É interessante que se conheça para prevenir [esse dano] caso comece a acontecer.”

 

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