Projeto de pesquisa da USP busca melhor combinação entre técnica e fio para suturas em intestinos de cavalos

As cirurgias em equinos estão cada vez mais frequentes, especialmente nos cavalos de esporte, os mais propensos a dores abdominais

Pesquisadores estão buscando a melhor técnica para a sutura em cirurgias de cavalos. Foto: Reprodução

Uma das maiores demandas para cirurgias em animais de grande porte, atualmente, é para cavalos de esporte. “Esses são uns dos únicos animais que os donos estão abertos a investir dinheiro em procedimentos invasivos, caros e trabalhosos, afinal, a perda por lesão leva a um prejuízo bem maior”, explica o professor Rodrigo Romero Corrêa, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, que, então, decidiu buscar com seus alunos novas técnicas para melhorar a realização da cirurgia.

Devido ao modo de criação e à dieta, que consiste em uma grande quantidade de grãos em vez do pasto habitual, os cavalos-atletas têm uma propensão maior a ter diversos tipos de lesões abdominais que, dentro do tratamento, podem levar à  amputação de um segmento intestinal. A pesquisa busca, então, achar a melhor técnica de enteroanastomose, que é a reunião dos segmentos do intestino após o procedimento de corte de parte do intestino. “Para isso, a gente vai trabalhar, de início, com a avaliação mecânica das diferentes formas de sutura”, explica o professor.

Primeiramente, os pesquisadores vão comparar dois dados: a preferência de fios e suturas de cirurgiões brasileiros de diferentes centros e o que já está sugerido na literatura internacional. Após a comparação, eles pretendem escolher 3 tipos de fio e 3 tipos de sutura para começar a fazer o teste mecânico com todas as combinações. “Em intestinos de cavalos que já morreram, a gente tira o segmento, faz a simulação do procedimento cirúrgico, introduz marcadores de pressão, e imerge-o dentro de um compartimento com água”, explica Rodrigo. “Ao primeiro sinal de extravasamento, a gente determina qual foi a pressão limite suportada e isso é mensurado.”

A pressão limite de cada sutura vai ajudar a determinar a melhor combinação para, então, chegar à segunda parte da pesquisa, que envolve ensinar alunos da graduação, que têm pouca experiência, a fazer o mesmo tipo de sutura. “Queremos ver se a mesma coisa se repete ou o resultado é influência da experiência do cirurgião”, diz o professor. Ele explica que a realização da sutura é influenciada pelo modo de execução escolhido pelo cirurgião e, por isso, ensinar ao aluno uma técnica específica pode ser mais difícil, o que pode acarretar em um desestímulo para o estudante. Desse modo, o resultado final pretende determinar o melhor tipo de sutura a ser feita por um cirurgião inexperiente também.

O processo tem previsão para durar um ano e meio e as respostas buscadas fazem parte de uma necessidade extensa e reconhecida de suturas eficientes para a operação que voltou ao foco nos últimos cinco anos, com o aumento da demanda. “Isso é estar junto com o mundo em relação ao desenvolvimento da pesquisa.”

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