Estudantes de veterinária utilizam tecnologia 3D para estudo de anatomia

Biomodelo do osso da coxa de um cão (Imagem: Revista de Graduação da USP)

Vinte e oito alunos da faculdade de veterinária da USP trouxeram inovações para dentro da sala de aula por meio da tecnologia 3D. A pesquisa realizada na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) e orientada pelo professor Antônio de Assis Neto produziu biomodelos de diferentes ossos do esqueleto equino e canino utilizando uma impressora 3D. Na USP, a pesquisa foi pioneira na utilização dessa tecnologia para o estudo e ensino de anatomia veterinária.

O projeto contou com a participação de dois alunos de doutorado, uma mestranda e 25 alunos de graduação. “Sem eles não seria possível obter resultados tão bons. Isso graças ao engajamento dos bolsistas e interesse pela área de anatomia”, diz o professor.

A iniciativa foi tomada como uma forma de modernizar o ensino da medicina veterinária frente a alunos cada vez mais atualizados em relação às novas tecnologias. “Havia a necessidade de inovar nossas aulas práticas, despertar o interesse dos alunos e envolvê-los efetivamente no processo de aprendizagem.”

O biomodelo é uma representação fiel de características morfológicas, podendo ser ele virtual ou físico. Para seu desenvolvimento, foi necessária a digitalização dos ossos por meio de um scanner, o que tornou possível a criação de um arquivo digital do modelo. Em seguida, os biomodelos ósseos são impressos por uma impressora 3D e submetidos a um processo de limpeza para a remoção da resina que os envolve para, por fim, obter o modelo físico.

Biomodelos virtuais de ossos equinos e caninos (Imagem: Revista de Graduação da USP)

A faculdade de veterinária da USP foi pioneira na implementação dessa técnica para o ensino de anatomia. “Este estudo apresenta um projeto inovador e com alto nível de desenvolvimento tecnológico no sentido de criar um método para a fabricação rápida de modelos impressos tridimensionalmente de ossos usando tecnologias de digitalização 3D e impressão 3D”, afirma o professor.

O professor Antônio, do departamento de cirurgia da FMVZ e pesquisador de anatomia, ressalta a importância desse campo dentro da medicina veterinária: “A área de anatomia, no curso de medicina veterinária, é base para o bom desenvolvimento de habilidades nas áreas aplicadas do curso, como por exemplo na cirurgia de pequenos e grande animais, clínica médica e patologia e tecnologia de carne”.

O uso dos biomodelos impressos e virtuais servirão como complemento ao ensino dessa área. Visto que eles foram reproduzidos como réplicas perfeitas dos originais, sua utilização no ensino se mostra muito eficaz. “Grande parte das características anatômicas originais dos ossos podem ser reproduzidas nos modelos e desta forma os detalhes são preservados para os alunos estudarem como se fosse nas peças reais. Além do mais, são produzidos arquivos digitalizados 3D em formatos PDF e os alunos também podem interagir com os mesmos por intermédio de telas interativas tipo tablet gigantes durantes as aulas”, diz Antônio.

Ossos reais ao lado das réplicas (Imagem: Revista de Graduação da USP)

No entanto, o professor ressalta que os novos biomodelos não substituirão os cadáveres originais, servindo apenas como uma alternativa para complementar o aprendizado dos alunos. “Os modelos, apesar de réplicas, não são como as peças ósseas originais. Dificilmente será substituído por completo o uso de cadáveres. Os ossos provenientes de cadáveres ainda são usados nas aulas de acordo com o nosso projeto político pedagógico do curso de medicina veterinária da FMVZ. De forma alguma retiramos das nossas aulas o método tradicional de estudar anatomia”, finaliza o professor.

A pesquisa rendeu uma publicação na Revista de Graduação da USP. O artigo pode ser visualizado aqui

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*