Métodos de tratamento permitem redução de resíduos químicos gerados na USP

Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Centro de pesquisas dos mais variados tipos, a Universidade de São Paulo é referência em toda América Latina por sua produção científica em geral. Mas as pesquisas nas áreas de química e ciências farmacêuticas têm um contraponto: resultam em resíduos químicos que precisam de um descarte específico. Foi pensando nessa problemática que Patrícia Amorim desenvolveu sua dissertação de mestrado, “Estratégias de tratamento de resíduos químicos gerados na FCF/USP”, analisando métodos para reduzir esse impacto potencialmente negativo das pesquisas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP.

“Todo resíduo químico pode ter característica perigosa”, diz Patrícia. Atualmente, a legislação brasileira prevê que esses resíduos sejam tratados e descartados corretamente, evitando riscos para o meio ambiente e para o ser humano. Segundo a pesquisadora, tratar essas substâncias ainda na unidade de pesquisa traz uma cadeia de benefícios, e o descarte final trará o menor impacto para a natureza, seja destinado a aterros ou a incineração.

Patrícia fez o levantamento de todos os resíduos produzidos na FCF a fim de elaborar estratégias para tratá-los, e identificou que os resíduos orgânicos são os mais comuns. E concluiu um dado impactante: “10% de todos os nossos resíduos podem ser tratados de forma simples, sem exigir grandes infraestruturas ou técnicas, apenas com o treinamento e capacitação dos pesquisadores, alunos e técnicos”, aponta. Ela dá o exemplo de ácidos e bases, que, dependendo da concentração, podem ser neutralizados ainda na unidade e descartados no esgoto doméstico sem trazer nenhum tipo de problema.

Mas não é somente o meio ambiente que o tratamento desses resíduos beneficia. Há também uma vantagem econômica para a Faculdade. Atualmente, a Farmácia contrata uma empresa terceirizada para fazer o descarte correto dos resíduos em questão. Se for possível reduzir o total dessas substâncias, isso se refletiria no total pago pela instituição. Patrícia lembra que outras unidades da USP, como o Instituto de Química (IQ), já fazem o tratamento de seus resíduos.

O foco da pesquisa foi o tratamento da acetonitrila – solvente orgânico muito utilizado em um processo de separação de substâncias muito comum nos laboratórios, a cromatografia líquida. Patrícia testou três métodos para tratá-la, e, com um deles, conseguiu recuperar 50% da substância com uma pureza superior a 99%, ou seja, uma concentração de água menor do que 1%, perfeitamente reutilizável.

Há ainda outra vantagem econômica em questão: “A acetonitrila é um subproduto do petróleo, e quando há uma crise de demanda pelo petróleo, isso também acontece com a acetonitrila”, conta Patrícia. Elaborar métodos de tratamento da substância para a reutilização, como ela propõe, é uma forma de contornar esse possível problema.

Agora, após a análise teórica, há perspectiva da implantação de algumas resoluções da pesquisadora na FCF, principalmente através do treinamento e capacitação dos profissionais. Patrícia ressalta que a preocupação ambiental, ideia crescente na sociedade, também tem que estar presente na Universidade: “Não adianta achar que só porque está cumprindo a legislação está tudo bem. Sempre há maneiras de melhorar”.

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