Novo tratamento evita mutilação em pacientes com câncer

Estudo indica que não há variação na sobrevida de pacientes que experimentam amputação completa ou parcial no tratamento de melanoma raro

O melanoma ugueal pode ser percebido por manchas marrons ou pretas nas unhas. Imagem: Matheus Oliveira

O melanoma ungueal é um tipo raro de câncer que se caracteriza por manchas amarronzadas ou enegrecidas na região que compreende a área das unhas. Os maiores afetados são pessoas de 50 a 70 anos e o prognóstico é feito através de exame clínico. A doença abarca cerca de 0,7% a 3,5% de todos os tipos de melanomas cutâneos (referente à pele), e devido essa raridade não há estudos precisos sobre o melhor método de tratamento.

Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina (FM) da USP acompanhou um grupo de pacientes que foram submetidos a dois procedimentos de tratamento. Um mais invasivo, com a completa amputação do dedo, e outro mais conservador, com remoção restrita à área atingida. Os resultados mostraram que, em ambos os casos, a taxa de sobrevida ─ número de pessoas que sobreviveram ao câncer ─ foi a mesma, o que pode abrir caminho para procedimentos que evitem a mutilação total do órgão.

Por ser uma doença incomum, o diagnóstico do melanoma ungueal costuma ser tardio, o que reflete na baixa taxa de sobrevida dos enfermos. A pesquisadora Suelen Montagner promoveu o estudo como projeto de mestrado e explica que sua intenção foi justamente comparar a porcentagem de sobrevivência em duas técnicas. “Minha dissertação avalia a sobrevida de pacientes com melanoma ungueal a depender do modelo empregado no tratamento. Seja na cirurgia mais conservadora ou mais agressiva”.

O estudo de Montagner abre caminho para um tratamento não mutilante. Imagem: Matheus Oliveira

A pesquisadora se refere aos dois principais modos de tratamento, a cirurgia funcional e a amputação distal. No primeiro caso, apenas a região ungueal, onde fica a unha, é removida junto ao câncer. No segundo procedimento, opta-se pela remoção de todo o dedo. Montagner explica que seu estudo mostrou resultados de sobrevida semelhantes em ambos os casos, o que pode sugerir predileção para a cirurgia funcional não mutiladora. “Não houve alteração da sobrevida dos pacientes tratados com amputação ou cirurgia funcional, o que permite uma abordagem não mutilante”.

O estudo aponta no sentido de evitar mutilações desnecessárias que podem impactar os pacientes tanto funcional como psicologicamente. “Na amputação falangeana, ou seja, na mutilação completa da área atingida, observamos déficit funcional podendo ser destacada a dificuldade na marcha, principalmente quando o polegar é o dedo acometido. Outro prejuízo para o paciente seria o estético e o psicológico”, finaliza Suelen Montagner.

 

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