Aumento de farmácias no Brasil gera preocupação em especialistas

[Thaislane Xavier - Agência Universitária de Notícias]

Vemos que há um aumento no número de farmácias e drogarias pelas cidades brasileiras. Porto Alegre, por exemplo, possui atualmente cerca de 707 farmácias, o que representa uma para cada grupo de 2 mil habitantes, quatro vezes o padrão recomendado pela Organização Mundial da Saúde.

A primeira coisa que deve ser entendida é a diferença entre as farmácias e as drogarias: “Quando não há manipulação de produtos recebem o nome de drogaria, já os demais formatos contemplam as farmácias de manipulação, as farmácias hospitalares e as farmácias homeopáticas, por exemplo”, explica Tatiana Ferrara, autora da tese As atividades de marketing no varejo farmacêutico: um estudo em farmácias independentes e redes.

Outro fato importante a ser notado é que as farmácias sentem efeito tardio da crise, mas continuam com o faturamento crescendo todos os anos, já que trabalham com produtos de primeira necessidade, os medicamentos. Segundo dados da Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar), o faturamento das farmácias em 2018 atingiu R$ 120,3 bilhões, alta de 11,76% em comparação com o ano anterior.

Os fatores demográficos ajudam explicar o sucesso feito pelo segmento: a população brasileira está vivendo mais. Em 2010, uma pessoa com 50 anos tinha uma expectativa média de vida de 74,2 anos. Em 2017 esse número foi para 80,5 anos segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Além disso, os comércios contam com outro aliado que os ajuda a atrair o olhar do consumidor: “O marketing facilita a venda dos produtos, sendo assim, fundamental para a sobrevivência e lucratividade de qualquer empresa”, explica Ferrara. “Todas as farmácias necessitam definir os preços dos produtos, quais itens serão vendidos, qual será a forma de divulgação e ainda como efetuarão as vendas, localização das lojas e se haverá ou não comércio eletrônico” é nesse momento que o marketing auxilia as empresas a definirem o que é mais interessante.

Fortaleza agora possui um cruzamento com farmácias nas quatro esquinas  (Foto: Tribuna do Ceará)

Existe um número maior de farmácias do que a necessidade da população, portanto, sai na frente aquelas que mais chamam atenção, seja pelos preços, serviços e produtos oferecidos ou até a localização. Dentre todas as localizações há preferência por aquelas que ficam em esquinas. O fenômeno é chamado de cornershops, e explica que os locais possuem maior visibilidade e assim maior chance de atrair os consumidores que passam por ali em busca de ofertas e descontos.

Todos os setores de uma empresa, então, estão começando a se preparar para lidar melhor com o marketing e, assim, conseguir aumentar suas vendas. “Para o desenvolvimento da tese foram efetuadas entrevistas com profissionais que são responsáveis pelo marketing de drogarias. Estes profissionais eram proprietários, gerentes e diretores que têm experiência no desenvolvimento destas ações”, continua a pesquisadora.

Quando questionada sobre a capacidade do marketing aumentar a venda de medicamentos ou apenas cosméticos e demais produtos, Ferrara afirma: “O marketing tem como função aumentar a venda de todas as categorias de produtos das drogarias, sendo elas medicamentos ou não medicamentos”. Isso se torna fator preocupante, pois pode influenciar a automedicação, já praticada por 79% dos brasileiros com mais de 16 anos, segundo pesquisa do Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*