Fotografias foram utilizadas no pós-guerra para reconstruir relação entre pessoas

Cotidiano e pessoas anônimas são temas centrais nas imagens denominadas Humanistas

Fotografias são ferramentas que contribuem para a união entre diferentes pessoas. Foto: Pixabay

Fotografias humanistas ganharam forças na França após a Segunda Guerra Mundial e com o tempo chegaram nos países latino-americanos, como o Brasil, através do fotojornalismo. A pesquisadora Erika Zerwes, em seu pós-doutorado pelo Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP, buscou o início dessa onda de fotos e quais as suas relações com o humanismo. 

Logo após a Primeira Guerra Mundial existia, principalmente na Alemanha, uma cultura política polarizada entre os nacionalistas apoiadores da guerra, e os anti-guerras, que eram pejorativamente chamados de humanistas. “Como os primeiros fotógrafos humanistas eram de esquerda, e com ligações com o comunismo, eles adotaram essa linguagem para si”, disse Zerwes. 

Na imprensa francesa foram identificadas fotografias com estética e temática associadas a um caráter humanista durante a década de 1930. Após a França ser destruída pela guerra, houve uma tentativa de reconstrução social e política, em que a união entre as pessoas era uma temática importante para a consolidação do plano. Esse momento foi refletido na narrativa das fotografias, que passaram a capturar a vida urbana cotidiana e a comunidade do país. 

Fora da França, essa denominação de fotografia ficou imprecisa, sendo mais relacionada a um movimento fotográfico internacional. Na América Latina, “o termo fotografia humanista não é muito tratado, mas sua linguagem está muito presente nas fotos documentais”, afirma Erika Zerwes. Esse assunto é mais identificado nas imagens entre o final da década de 1970 e início da década de 1980. 

“Na Guerra Civil Espanhola, para retratar o evento eles [fotógrafos humanistas] não fotografavam generais ou equipamentos bélicos, mas as massas, os indivíduos anônimos que representavam a humanidade, a vítima da guerra”. De acordo com a pesquisadora, as mulheres tiveram um grande papel nessa vertente fotográfica, como a húngara Kati Horna, que produziu diversas imagens acerca dos conflitos na Espanha daquele período. 

Para seu projeto, Zerwes utilizou o acervo do MAC, que além de ter ligação com a temática da sua pesquisa, também “contempla algumas das principais fotógrafas do Brasil”. Além disso, “fotografia documental está sempre associada à visão humanista, como os trabalhos de Claudia Andujar”. 

Hoje, “fotógrafos que continuam nesse aspecto tendem a focar em indivíduos na multidão, em pessoas urbanas e anônimas”. Porém, para Zerwes, identificar uma fotografia humanista requer ainda mais pesquisas, pois características de diferentes conceitos se misturam em uma única imagem.

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