Estudo recruta pacientes com cardiopatia chagásica crônica para tratamento

Objetivo da pesquisa é avaliar o desempenho de um cardioversor implantável no controle da doença em comparação ao medicamento

Por Letícia Fontes – lepegliarini11@gmail.com

Um estudo coordenado pelo Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (FM) da USP busca voluntários com cardiopatia chagásica crônica para testar a eficácia de um tratamento com cardioversor desfibrilador implantável, um dispositivo que pode dispensar o uso de amiodarona, medicamento recomendado para a prevenção da mortalidade de pacientes com a doença. O Chagasic, como a pesquisa foi nomeada, tem duração de três a seis anos e será realizado em diversos centros espalhados pelo Brasil, oferecendo serviço gratuito e acompanhamento médico a todos os participantes.

Diretor de Unidade Clínica do InCor e coordenador do projeto, o professor Martino Martinelli explica que a cardiopatia chagásica crônica é uma evolução da doença de Chagas que ocorre em 30% a 50% dos casos. A enfermidade acomete o coração, podendo comprometer o músculo cardíaco e, consequentemente, levar à morte. Apesar de não possuir cura, a complicação pode ser controlada através do tratamento com amiodarona ou do uso de um implante de cardioversor desfibrilador.

“A ideia é encontrar uma resposta para essa pergunta: remédio ou implante?”, afirma Matinelli. Apesar de ser um método comum para tratar a doença, o uso do medicamento, na visão do professor, não é tão simples. “A amiodarona é uma droga que pode causar muitos efeitos colaterais com o tempo, efeitos graves até”, diz. “Por outro lado, o aparelho é mais invasivo e também não cura a doença, mas trata a arritmia grave, que é a causadora da morte súbita. Então, se a maior causa de morte desses indivíduos é a arritmia e eu tenho duas possibilidades de tratamento, eu estaria diminuindo a mortalidade se fizesse algum deles.”

A pesquisa

O estudo, cujo objetivo é a prevenção primária da mortalidade, avaliará um total de 1.100 pacientes que nunca tiveram uma parada cardíaca, mas que possuem a doença em seu estado avançado e apresentam risco de morte súbita. Os participantes são sorteados e divididos em grupos para receber tratamento com o remédio ou com o aparelho. Após a conclusão do período de avaliação, os resultados serão comparados entre os grupos que apresentarem maior ou menor proteção contra a mortalidade.

Apesar de ser coordenado pelo InCor, Martinelli afirma que o projeto conta com o apoio do Ministério da Saúde e outros 30 centros pesquisadores em todo o Brasil. São aceitos voluntários de todas as regiões do país. “É um estudo totalmente financiado. Muitos médicos indicam esse tipo de tratamento, mas nem sabem que esse estudo existe. Se eles encaminharem corretamente seus pacientes, podemos tratá-los sem custo algum. É pago o aparelho, é pago o seguimento dos pacientes e até os exames”, explica o professor.

Para fazer inscrição como voluntário no projeto, o interessado deve entrar em contato através do e-mail chagasics@incor.usp.br  ou do telefone (11) 9727-31981, por meio do Whatsapp. Após manifestar-se, o paciente será designado ao centro pesquisador no qual o tratamento será realizado. Para mais informações sobre o estudo, clique aqui.

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