FAU recebe Menção Honrosa no Prêmio Capes de Tese

Joseph-Antoine Bouvard foi o autor do primeiro plano que propôs a construção de um parque na região do Anhangabaú, em São Paulo, em 1911. Imagem: wikipedia.org/ Reprodução

Por Mariana Gonçalves – mariana.vick.goncalves@gmail.com

Quando perguntam à arquiteta Roseli Maria Martins D’elboux sobre a Menção Honrosa que recebeu do Prêmio Capes de Tese, ela mal esconde a satisfação. “Para mim, foi prêmio”, diz. Após oito anos e nenhuma bolsa de pesquisa, seu doutorado, Joseph-Antoine Bouvard no Brasil. Os Melhoramentos de São Paulo e a criação da Companhia City: ações interligadas, defendido em 2015, foi selecionado para concorrer à premiação pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), e conseguiu o segundo lugar entre as melhores teses brasileiras da área. Na edição de 2016, o Prêmio Capes de Tese, promovido pela Fundação Capes, concedeu um abono principal e duas menções honrosas aos três trabalhos mais bem-sucedidos em seu campo de estudo. “É um reconhecimento entre pares”, D’Elboux ressalta.

A autora, que já havia sido finalista concorrendo ao prêmio da 10ª Bienal Iberoamericana de Arquitetura e Urbanismo (BIAU), ocorrida em outubro de 2016, conta que não tinha esperança em vencer. Tanto este quanto o Prêmio Capes têm o hábito de privilegiar discussões contemporâneas, e seu trabalho, em contrapartida, propõe uma revisão da história. O arquiteto francês Joseph-Antoine Bouvard, que veio ao Brasil em 1911, era, até então, uma figura ambígua: embora vastamente mencionado na bibliografia de urbanismo, pouco se conhecia a seu respeito. “Agora, todo mundo pode saber quem foi o Bouvard”, D’Elboux afirma, destacando as contribuições biográficas da tese.

“E [saber] também como se deu a criação da Companhia City”, continua. Dividida em três partes — “Construção de uma ‘expertise’”, “Joseph-Antoine Bouvard no Brasil” e “Ações interligadas” —, sua tese surpreende pela dupla importância: mais do que revelar a vida profissional de Bouvard, D’Elboux constatou a participação do arquiteto na criação da City of San Paulo Improvements and Freehold Land Co. Ltd., que desempenhou grande papel no desenvolvimento da cidade de São Paulo no início do século 20. Ao contrário do que se supunha, a Companhia City não é uma invenção inglesa, mas dos franceses que estavam no Brasil — e Bouvard, assim que finalizou seu Plano para São Paulo, virou-se para os projetos da companhia, tornando-se peça-chave para a compreensão das forças que regiam a cidade no momento.

Bouvard

Enquanto pesquisas anteriores atribuíam a vinda de Bouvard a relações que ele pudesse ter com a Prefeitura de São Paulo, D’Elboux defendeu que, em 1911, o francês viera ao Brasil por uma ação planejada com o banqueiro Edouard Fontaine de Laveleye, que tinha investimentos no Paraná e, posteriormente, também faria parte da Companhia City. Com viagem marcada para Curitiba, a ideia de Bouvard era passar pouco tempo na capital paulista, em escala. No entanto, a convite do diretor de obras municipais, Victor da Silva Freire, o arquiteto decidiu ficar. Acreditava-se, naquele momento, que ele poderia contribuir para a discussão de melhoramentos para a cidade.

 

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