Pesquisa busca desenvolver nova forma de diagnosticar Alzheimer

Bioindicadores como células do sangue e enzimas celulares podem ser a chave para detectar o problema

O Alzheimer acelera um processo de degeneração comum na velhice e afeta, principalmente, as células neuronais e do cérebro. Fonte: http://segredosdomundo.r7.com/wp-content/uploads/2015/10/1021.jpg

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da USP (ICB-USP) estão buscando uma forma de tornar o diagnóstico da doença de Alzheimer mais preciso e rápido, podendo identificar a doença em estágios menos avançados, possibilitando formas de tratamento que visem conter o avanço da degeneração.

De acordo com Giovana Silva Leandro, pesquisadora responsável pelo doutorado sobre a relação do Mal de Alzheimer com deficiências no sistema de reparo do DNA, o Alzheimer é uma doença que acelera um processo natural do envelhecimento humano. “É uma forma patogênica que acelera muito o processo de degeneração normal do envelhecimento”. A pesquisadora busca saber, dessa forma, como os processos de reparo de DNA podem ser afetados por essa condição. “São mecanismos importantes para evitar que a degeneração celular seja muito forte”, afirma.

O Alzheimer acelera um processo de degeneração comum na velhice e afeta, principalmente, as células neuronais e do cérebro. Fonte: http://segredosdomundo.r7.com/wp-content/uploads/2015/10/1021.jpg

O estudo de Giovana se voltou para a análise dos RNAs mensageiros das células mononucleadas do sangue periférico, responsáveis por transmitir a informação contida em uma cadeia de DNA e que possibilitaram a produção de proteínas celulares, que regulam a grande maioria das ações dessas estruturas. As células do sangue periférico estudadas, em geral, são leucócitos e pertencem ao sistema imunológico e circulam por todos os sistemas, respondendo principalmente a processos inflamatórios, como aqueles provocados pelo Alzheimer. Dessa forma, o estudo de seu comportamento poderia providenciar um método mais fácil de se diagnosticar a doença. “O acesso aos neurônios, células mais afetadas pelo Alzheimer, é muito complicado”, explica Giovana. “O estudo dessas células do sangue pode propiciar um bioindicador mais acessível de tudo o que está acontecendo no corpo e, caso se note alguma mudança nessas células derivada da doença, poderá se proporcionar um diagnóstico mais facilitado”.

As células mononucleadas do sangue periférico (PBMCs) podem fornecer uma forma de diagnóstico do Alzheimer. Fonte: http://www.bio-equip.cn/ewebeditor/200500/201242094248850.jpg

Outra parte do estudo se destina à análise da Polimerase Beta, uma enzima que atua na produção de novas fitas de DNA, mais especificamente no reparo de DNA por excisão de bases oxidadas. Apesar de o número de polimerases nas células diminuir com o envelhecimento, Giovana afirma que a diminuição acentuada e mais rápida da Polimerase Beta pode ser um indicativo do Alzheimer, embora uma pesquisa mais profunda ainda precise ser feita.

A doença de Alzheimer ainda é uma doença sem cura ou causa conhecida, por ser uma doença extremamente associada ao envelhecimento. “Existe um tipo de Alzheimer, o familial, que decorre de um gene dominante da família, mas esse tipo corresponde a apenas 5% dos casos”, afirma Giovana. “Os outros 95% dos casos ainda não possuem causa ou fatores conhecidos”. Como ainda não há causa conhecida, torna-se complicado determinar uma maneira de combater a doença. O tratamento só é efetivo em fases mais precoces, quando os sintomas e efeitos da doença ainda não estão tão fortes. Nesses casos, têm sido usados medicamentos e métodos que diminuem a oxidação das células cerebrais, retardando o avanço da doença. Apesar disso, Giovana acredita no avanço da pesquisa genética e no uso da polimerase beta como uma forma de diagnosticar a doença antes que essa se torne muito avançada.

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