Grupo de pesquisas da USP faz participação em documentário sobre saúde alimentar

Além dessa participação, o grupo trabalha ainda na reedição de um livro sobre fisiologia da nutrição

Imagem: Frame Fonte da Juventude

No dia primeiro de junho foi lançado o documentário Fonte da Juventude, dirigido por Estevão Ciavatta e produzido pela Pindorama Filmes, em parceria com os Novos Urbanos. O filme levanta um debate acerca da obesidade e hábitos alimentares no Brasil por meio do diálogo entre a academia, o setor público, empresas e famílias — entre as vozes que representam o primeiro está Ana Lydia Sawaya, coordenadora do grupo de pesquisa Nutrição e Pobreza do Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP). De acordo com Ana Lydia, o grupo forneceu grande parte do apoio técnico na área para a realização do longa, que foi um dos maiores resultados da atuação do grupo neste ano.

Fundado em 2003, o foco do grupo é o estudo interseccional da nutrição — em especial quando esta se relaciona à pobreza — reunindo estudiosos da psicologia, sociologia, políticas públicas e da educação, compondo hoje uma equipe de seis pesquisadores ativamente participantes. No entanto, a união desse quadro altamente especializado só foi possível por conta da estrutura e proposta do próprio IEA, como enfatiza Sawaya: “Aqui, há o interesse em fazer a ponte entre professores de várias especialidades e universidades, além do contato também com a sociedade e o governo. O IEA exerce aquilo que sempre entendi como universidade”. E para além desta proposta de discussão interdisciplinar, o grupo Nutrição e Pobreza conseguiu se colocar um passo a frente ao realizar de fato um trabalho transdisciplinar, que significa colocar estas pautas em prática e atuar diretamente na sociedade, por meio da expertise de cada um dos pesquisadores.

Foto: Maria Leonor de Casalans/IEA-USP

Além disso, o grupo conta, ainda, com o suporte de duas ONGs atuantes na área: o Centro de Recuperação e Educação Nutricional (CREN) e o laboratório de inovação social Novos Urbanos, ambos relacionados também com a produção do filme. O CREN nasceu como um projeto de extensão da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), à qual Ana Lydia é vinculada e garante, em paralelo às pesquisas do grupo, a assistência e tratamento em casos de extrema pobreza, fornecendo também suporte por meio da coleta de informações e dados quantitativos que, por sua vez, auxiliam os estudos realizados no IEA. Já os Novos Urbanos são responsáveis pela ponte entre a academia, o governo e as empresas.

As produções e realizações do grupo se dão por meio da união das especialidades e especificidades das áreas envolvidas em debates, propostas e publicações. De acordo com Ana Lydia, há alguns anos, o grupo viu a necessidade de se reunir periodicamente para pautar estas discussões e passaram, então, a organizar dois seminários temáticos por ano que permitissem, além de tudo, que alunos da graduação e pós-graduação assistissem e participassem dos debates. Por isso, a escolha dos locais foi um fator importante: ao menos um seminário ao ano é realizado no campus da Unifesp, em Santos, onde estão os cursos de educação física, nutrição, psicologia e serviço social. O outro, geralmente acontece no próprio IEA ou na Faculdade de Educação da USP.

O tema central do primeiro semestre foi segurança alimentar, e Ana pensa em propor para o segundo semestre o tema Favelas e Refugiados Urbanos, já que, para ela, as favelas não constituem ainda um efetivo campo de estudos, reforçando e perpetuando por meio desse desconhecimento uma situação de abandono e violência desta população. Enfatiza, ainda, que o mapa da fome, ao contrário do que se pensa, existe no Brasil justamente por conta destes assentamentos, que muitas vezes são desconsiderados até mesmo pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)  que só os considera para fins de pesquisa grandes comunidades. “Não estamos vendo o desaparecimento da subnutrição nesta população. Pelo contrário, com o aumento do desemprego, o número de crianças subnutridas voltou a aumentar”, pontua Ana Lydia. “E não tem ninguém considerando isso de forma sistemática”.

Para além da realização desses seminários, o grupo trabalha também neste ano com a reedição do livro Fisiologia da Nutrição na Saúde e na Doença: da Biologia Molecular ao Tratamento, uma coprodução do IEA com a editora Atheneu.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*