Atividade física após a lipoaspiração evita a recuperação de gordura

Trabalho de professor da USP busca entender como o corpo reage aos exercícios pós-operatórios

Cirurgia de lipoaspiração (Foto: Pinho Cirurgias)

A lipoaspiração, uma das cirurgias plásticas mais comuns no mundo todo, consiste na retirada de massa adiposa localizada em pontos variados do corpo. Antônio Lancha Jr, professor e pesquisador da Escola de Educação Física e Esporte da USP (EEFE-USP), buscou estudar como o corpo de mulheres entre 20 e 35 anos responde a atividade física regular nos meses subsequentes à intervenção cirúrgica. Uma das conclusões atingidas foi de que o exercício aeróbio e muscular combinados exercem papel regulador no ganho de gordura após a operação.

Em sua metodologia, Lancha separou dois grupos de mulheres, todas na faixa dos 20 aos 35 anos de idade, em sedentárias e treinadas. Dois meses após passar pela cirurgia, o grupo treinado iniciou seus exercícios, que perduraram por quatro meses. Diversos exames foram realizados nos dois grupos: “Foram coletadas amostras sanguíneas para determinações bioquímicas como glicose, insulina, teste de tolerância oral à glicose, adiponectina, TNFalfa, IL6 e Proteína C reativa (tipos de proteínas).”

Para acompanhar os resultados físicos, diversas técnicas foram utilizadas: “Foi realizada a composição corporal por pletismografia, pesagem hidrostática e tomografia abdominal. Esta última para avaliar os depósitos de gordura visceral e subcutâneo, que sofre o efeito da lipoaspiração”. A pletismografia submete o paciente a diversas mudanças de pressão dentro de uma cabine, para avaliar sua função pulmonar.  Na pesagem hidrostática, o paciente é submerso na água e, partindo de uma relação entre sua massa e volume, a porcentagem de adiposidade corporal pode ser determinada. A tomografia é um exame de imagem, permitindo analisar o interior do corpo com alto nível de detalhamento.

Uma cirurgia de lipoaspiração costuma culminar, a longo prazo, no reganho de gordura corporal. As causas para esse fenômeno ainda seriam desconhecidas, mas também são objeto de pesquisa de Lancha: “Tentamos identificar a proteína que exercesse esse papel de comunicador entre os tecidos, porém não encontramos ainda. Sabemos que existe um tipo de “conversa” entre os depósitos [adiposos] e acreditamos que algumas proteínas candidatas estejam envolvidas.”

Os benefícios possivelmente vão além dos estéticos, pois a atividade física também poderia ser o caminho para evitar problemas cardíacos após a cirurgia: “Como o exercício corrigiu a mudança de gordura para a região visceral, acredito que esse é o caminho: associar a intervenção cirúrgica com a prática de atividade física regular. Essa associação combinaria o resultado estético da cirurgia com as proteções consagradas da atividade física para o coração”, afirma Lancha.

Há 21 anos, o professor mantém um programa de exercícios físicos e orientação nutricional para mulheres obesas e com sobrepeso. Suas observações nessas atividades foram chave para originar a pesquisa sobre lipoaspiração, financiada pela Fapesp: “Ao longo desses anos, diversas perguntas resultavam dessas intervenções. Dentre elas, a pergunta mais intrigante era a consequência da lipoaspiração sobre os depósitos remanescentes de gordura corporal”. Os resultados do programa também chegaram a originar o livro “O fim das dietas”, publicado pela editora Abril.

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