Pesquisador da USP inicia criação de um banco de crânios digitalizados

Laboratório de Antropologia e Odontologia Forense da Faculdade de Odontologia da USP. Fonte: Marcos Santos (USP Imagens)

Um projeto do Laboratório de Antropologia Forense da Faculdade de Odontologia da USP irá digitalizar todos os crânios que eles possuem em seu acervo. Iniciado neste ano, a catalogação acontecerá nas próprias instalações da instituição e, no futuro, será disponibilizada online, difundindo o ensino da antropologia.

Dos mais de 100 crânios, um quinto já foi catalogado. Idealizado pelo pós-doutorando Thiago Beaini, a criação deste biobanco visa facilitar o aprendizado de estudantes de anatomia, ortodontia, cirurgia e odontologia legal. “O objetivo é que eles possam acessar isso remotamente e avaliar questões de fragilidade, regiões de força, medidas, características individuais, entre outras. “, disse. “Tudo obedecendo o sigilo e todos os aspectos éticos do manuseio de material humano, mesmo que na forma de imagem”, acrescenta.

O interesse de Beaini pelo assunto surgiu ainda no início de sua carreira acadêmica, quando foi chamado pelo professor Rodolfo Melani para trabalhar no laboratório. Na época, a equipe que trabalhava lá recebeu um caso do IML de Guarulhos, com a documentação ortodôntica da vítima desatualizada. “Ao fazer a radiografia desse crânio, percebi que a odontologia forense em si, internacionalmente falando, não tinha um padrão pra fazer isso.”. Sua tese de mestrado foi em cima da padronização para se fazer radiografia extra e intrabucal.

Digitalização

Cerca de 50 fotos são necessárias para que os crânios sejam digitalizados em formato 3D. Um software se encarrega de interpretar as imagens  que chegam à ele, independente da qualidade, e mapear características de cores e algumas marcações que às vezes ele encontra nos objetos, por exemplo, em um processo parecido com o da tomografia: o computador  entende como cada ponto daquele volume se movimenta.

Depois de digitalizadas, as imagens poderão ser ampliadas, e os usuários que acessarem o banco poderão medir ângulos e distâncias lineares, calcular volume e muito mais. Beaini espera obter parcerias com outras instituições com o biobanco: “Imagine que 100 alunos quisessem estudar a anatomia do crânio, ou pós graduandos de outros lugares do país. Seria muito mais fácil, já que o crânio é muito frágil e se deteriora.”

Ajuda à polícia

O pesquisador aponta também as possibilidades de parceria com órgãos policiais, uma vez que a estrutura montada pela Faculdade poderá ajudá-los na identificação de desaparecidos, ou capacitá-los para tal tarefa. Um dado de 2013 que 57 pessoas desaparecem por dia somente na Grande São Paulo.

“Seria uma economia muito grande para a polícia, que teria que adquirir esses softwares caros e computadores potentes para fazer a análise desse material sem nenhum treinamento para isso. É um serviço da faculdade que está instituído para eles.”

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