Células-tronco de polpa dentária regeneram tecidos ósseos

Cell sheet é sintetizada pela própria célula a partir de tratamento com vitamina C. Foto: Ana Clara Pedroni

De que maneira o reparo de lesões ósseas pode ser beneficiado pela laserterapia associada a cell sheets de células-tronco provenientes da polpa dentária é o tema de estudo da doutoranda Ana Clara Fagundes Pedroni. A tese está sendo desenvolvida na Faculdade de Odontologia.

As células-tronco, por ainda não terem recebido estímulos específicos,  possuem grande capacidade de se diferenciarem em outros tipos de células. Na tese de Ana Clara, realizada em animais, as células-tronco utilizadas são de origem da polpa dentária e, de acordo com a doutoranda, possuem a vantagem de apresentar baixa resposta imunológica. Em outras palavras, há uma baixa rejeição do organismo vivo.

A partir de um tratamento com concentração de vitamina C, estudos anteriores já haviam comprovado que as próprias células-tronco são capazes de sintetizar uma matriz extracelular com alta quantidade de colágeno. Essa membrana é a cell sheet e sua robustez permite com que ela seja manuseada direto para o indivíduo, sem a necessidade de que haja o intermédio de um biomaterial.

A cell sheet, explica Ana Clara, é totalmente biocompatível e sua aceitação no organismo é praticamente de 100%, enquanto o biomaterial pode sofrer algum tipo de rejeição. Além disso, o tempo de absorção do biomaterial pelo organismo pode ser longo, comprometendo a regeneração do tecido.

O laser também promove a redução da dor. Foto: Ana Clara Pedroni

Já a laserterapia exerce a etapa final do processo. Após a aplicação da cell sheet no ferimento, a função do laser é promover maior proliferação das células e aumentar seu tempo de sobrevivência, além de acelerar e melhorar a cicatrização dos tecidos e ajudar na redução da dor.

Os resultados da aplicação da cell sheet em ferimentos graves foram satisfatórios e descobriu-se mais uma vantagem de seu uso. A doutoranda explica que até o período de 120 horas − ou cinco dias −, há predominantemente células vivas nessa membrana. Porém observa-se uma tendência de as células desprenderem-se da cell sheet e aderirem a qualquer superfície rígida, onde continuam se proliferando. “Isso é uma coisa interessante, porque,  ao colocar a membrana no animal, além de a célula-tronco se diferenciar, ela consegue migrar para o restante da área da ferida e continuar se proliferando e diferenciando”, comemora Ana Clara.

A doutoranda esclarece que estatisticamente ainda não pôde comprovar diferenças significativas entre o grupo de animais que apenas recebeu a cell sheet daquele que recebeu a cell sheet e a laserterapia. Os avaliadores, entretanto, notam que houve maior e melhor neoformação óssea no grupo que recebeu a membrana e o tratamento com laser.  

Na fase final do projeto, a membrana será utilizada em animais com alterações metabólicas − como em casos de diabetes, que é o foco da pesquisa de Ana Clara. Além disso, o projeto agora está em fase de análises descritivas − de modo a quantificar os resultados − e em diferentes períodos de tempos.

Sob orientação da professora Márcia Martins Marques e auxílio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), apesar de ainda não concluída, a pesquisa já foi premiada com o 2º lugar na Reunião de Pesquisa da Fousp em 2016, na categoria Fórum Científico pós-graduação; 1º e 2º lugar no Congresso Universitário Brasileiro de Odontologia em 2017, nas categorias Iniciação Científica e pós-graduação, respectivamente; e 1º lugar na Jornada Odontológica de Piracicaba (Unicamp) em 2017.

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