Taxas de reprovação e falta de orientação contribuem para fracasso educacional

Um a cada quatro alunos do primeiro ano do ensino médio não foi promovido em 2016 para cursar a segunda série

Especialista explica que aluno que reprova já sinaliza fracasso escolar ao longo do ano letivo. Foto: Fabio Rossi / Agencia O Globo

O Ideb (Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico) completou, neste mês, uma década e os alunos do 9º ano e do ensino médio ainda apresentam números abaixo das metas estabelecidas pelo Ministério da Educação (MEC). Nas duas últimas divulgações (2013 e 2015), apenas as turmas dos anos iniciais do ensino fundamental atingiram notas acima do esperado.

A análise, escalada de zero a dez, é feita com base nas taxas de aprovação e no desempenho dos estudantes em leitura e matemática, calculado pela Prova Brasil. A avaliação é aplicada na quarta e oitava séries (quinto e nono ano).

O professor da Faculdade de Educação da USP, Ocimar Alavarse, afirma que um grande obstáculo para a melhoria do ensino no país é o alto número de reprovações, já que a situação alerta para uma deficiência no processo pedagógico. “As escolas brasileiras não conseguem e não têm a intenção de fazer um trabalho de acompanhamento individual dos jovens. O aluno que reprova já sinaliza isso ao longo do ano letivo”, explica. Para o pedagogo, é fundamental que os estudantes sejam aprovados ano a ano e que essa mudança seja acompanhada por melhorias nas capacidades de leitura e resolução de exercícios.

Em 2016, um a cada quatro alunos não foi promovido da primeira para segunda série do ensino médio, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Além disso, cerca de 100 milhões de alunos do ensino fundamental foram retidos em alguma das séries no mesmo ano.

Língua portuguesa, resolução de exercícios de matemática e taxa de reprovação são bases para o resultado do Ideb, calculado por meio de fórmulas com desvio padrão. Foto: Reprodução

Educação integral não soluciona problema

Há dez anos, o Governo Federal criou o Programa ‘Mais Educação’ com o objetivo de melhorar a aprendizagem em língua portuguesa e matemática no ensino fundamental, por meio da ampliação da jornada escolar de crianças e adolescentes.

As escolas que aderem ao projeto podem optar por dois planos para além do tempo regular. O mais enxuto é o de cinco horas de acompanhamentos pedagógicos das duas disciplinas básicas. O outro orienta o colégio a oferecer 15 horas de tarefas, das quais 8 são para as mesmas matérias e 3 para afazeres escolhidos pela própria instituição.

O professor Alavarse afirma que o projeto de educação integral não deveria focar nas duas matérias base. “A expansão da carga horária é ideal para melhorar o ensino em áreas deficitárias. Seria boa para aprimorar a educação artística, por exemplo”, explica.

Olhares para o futuro

De acordo com o MEC, o objetivo único para as instâncias municipais, estaduais e federais é alcançar seis pontos até 2022.

Alavarse explica que há escolas em diferentes patamares de excelência e para que o propósito seja alcançado é necessário analisar não só os resultados, mas também as trajetórias das escolas, já que a partir delas é possível dizer se uma instituição está dentro do esperado. “Quando você olha para a rede privada do Sudeste, que atende a uma pequena demanda, é claro que os resultados são muito mais altos do que o sistema público.”

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