Poder de famílias e de movimentos sociais influenciam organização de assentamento

Decisões e negociações são definidas a partir dos grupos gestores

Assentamento de Pirituba II | Foto: Yasser Hassan Saleh

O assentamento de Pirituba II foi objeto de estudo para entender a organização de cooperativas e qual a influência dos movimentos sociais nelas, na dissertação de Yasser Hassan Saleh na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP. “Da cooperação à terra: experiências associativas em Pirituba II”. De acordo com um dos teóricos utilizados no estudo, Ivan Emelianoff, cooperativa significa um agregado de unidades com a finalidade de aquisição de serviços.

O assentamento está localizado entre dois municípios de São Paulo, Itapeva e Itaberá, e foi escolhido pelo pesquisador por ser um dos mais antigos do estado. Durante o estudo, foi constatado que Pirituba II foi fruto de uma revisão agrícola por parte do governador André Franco Montoro e influenciado por movimentos católicos. Hoje, o assentamento se dá por meio da ocupação coletiva da terra.

“Assentamento é relevante porque uma mesma comunidade consegue ser testemunha de atividades muito diferentes”, afirma Saleh. Pirituba II é dividido em seis áreas com diversas experiências associativas, desde a produção individual, em que o produtor assentado mora no seu lote separado dos outros, até agrovilas, nas quais todas as casas são juntas em uma vila, mas com lotes espaçados. Dentre os produtos da cooperativa estão soja, trigo, feijão e quiabo.

Como algumas cooperativas do assentamento tem influência de movimentos sociais, Saleh teve que buscar os objetivos deles. O cooperativismo pode ser visto tanto como uma alternativa ao sistema capitalista, quanto uma garantia da permanência de pequenos produtores no mercado.

Um dos achados do estudo de Saleh foi que as estruturas de governança são pouco relevantes nesse tipo de organização, pois é o poder político de grupos que dá forma às condições de decisão e de negociação. Além disso, foi observado que a cooperativa lida com a apropriação familiar dos recursos, o que pode encaminhar para um sistema oligárquico no assentamento.

Outra observação feita foi que a família é a unidade social elementar nas cooperativas, e não o indivíduo, base de muitos modelos econômicos. “O chefe da família pode ser o tomador de decisão, mas o resultado dessa ação é dada por uma lógica e um modo de produção domésticos”, explica o pesquisador. A definição de família para Alexander Chayanov, outro teórico usado no trabalho, é dada como homem, mulher e filhos. Porém, Saleh afirma que conceito está distante da realidade.

A dissertação de mestrado de Saleh pode ser encontrada aqui: https://goo.gl/BCvDeC

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