Plataforma online permite acesso remoto à reabilitação pós-AVC

Disponível na internet e nas redes sociais , o portal possui a proposta de universalização do conhecimento

Não possuindo nenhum fim lucrativo, o domínio e a hospedagem do site da Reab AVC será de responsabilidade da idealizadora. Imagem: ReabAVC/Reprodução

Traduzir informações científicas a respeito do Acidente Vascular Cerebral (AVC), em uma linguagem clara e de fácil acesso em nível nacional. Essa é a proposta da Rede Reab AVC, portal digital colaborativo concebido pela professora Camila Torriani-Pasin, da Escola de Educação Física e Esportes (EEFE) da USP.

Inovadora, a iniciativa focaliza o processo de reabilitação como um todo. O objetivo é fornecer amparo para seu público: tanto pacientes quanto demais indivíduos que convivam com essa população. A rede possui vasto material elucidativo, com conteúdo diversificado voltado aos cuidados com a saúde e demais formas de assistência.

Disponível desde janeiro de 2018, a plataforma surgiu de uma conjugação entre programas vigentes e projeções futuras. Camila relata que tinha desenvolvido, com sua equipe, um material específico sobre AVC para oferecer no Curso de Orientações em Educação e Saúde: a Cartilha de Orientações.

Assim, a idealização da rede surgiu da oportunidade de juntar o conteúdo que estava sendo aplicado com um edital do Santander. Em parceria com a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP, o edital “visava subsidiar projetos que chegassem à sociedade e que extravasassem as fronteiras da Universidade”, lembra.

O curso que ela coordena, através de uma abordagem interdisciplinar, trata da doença em sua totalidade. “E como tínhamos aulas com várias temáticas, cada uma com o seu profissional da área, para orientar os pacientes, pensamos em criar uma rede”, comenta. “E então casou com o edital”, completa.

A Reab AVC conta com a colaboração de profissionais das mais diversas áreas e “do Brasil inteiro”, conforme acrescenta Camila. Educação Física, Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Nutrição, Psicologia e Terapia Ocupacional (TO) são âmbitos englobados no projeto e que dispõem de representantes no portal.

Os especialistas que integram e participam da plataforma possuem experiência com AVC e com a população, conforme a docente expõe. “A Reab tem conteúdo que vai desde a explicação do que é a doença até as áreas específicas”, afirma.

“O material é disponibilizado em forma de texto, foto, imagem ou vídeo, produzidos pelos próprios profissionais ou elaborados por nós”, pontua. “A ideia é poder realmente fornecer informação confiável pra as pessoas”, menciona a professora e idealizadora do projeto.

A rede visa atender tanto portadores quanto pessoas que lidam com quem tem AVC, como cuidadores e familiares. Além do material organizado e da Cartilha, a Reab dispõe de um levantamento de instituições e associações, pelo Brasil, que oferecem serviço ou suporte para a população em questão.

A cartilha está disponível para download gratuito no site da Reab AVC. Imagem: Reprodução

Por ser uma rede digital colaborativa, a Reab também tem um espaço em que pacientes podem se cadastrar e contar a sua história. Nesta seção, o usuário pode postar fotos, relatar sua reabilitação e descrever como tem enfrentado as dificuldades.

Trabalho sem fim

Devido ao recente lançamento da portaria, a Reab ainda não possui participantes de todos os Estados, mas sim com a atuação de representantes nas cinco Regiões. Contudo, com o aumento da divulgação do portal, cada vez mais profissionais procuram a professora para participar da rede.

“Atendendo ao perfil e estando envolvido com a população [de AVC], não tem porque não abrir portas para termos mais membros”, comenta Camila. “A ideia é ter essa abertura e aumentar a divulgação”, afirma.

A Reab tem como foco estar sempre atualizando suas informações e seu material. “É um trabalho que não vai ter fim, porque sempre novas publicações e novos estudos estão sendo feitos”, esclarece. E o intuito é buscar na literatura as publicações recentes e produzir conteúdo para poder informar a população sobre o que tem sido feito”, completa.

Camila tem muitas projeções para o crescimento da rede. Uma delas é aumentar o número de parceiros e instituições associadas. Outra ideia é ter uma lista de profissionais capacitados para trabalhar com a população com AVC, conforme exprime. “Para que uma pessoa que tem AVC possa olhar e ver se tem especialistas com experiência para ela poder procurar auxílio em qualquer uma das áreas”, explica.

Além disso, está sendo elaborado um banco de dados colaborativo, com o intuito de potencializar e desenvolver futuras pesquisas baseadas nele. A intenção é de que os profissionais que são membros da Reab alimentem a plataforma com informações sociodemográficas, socioeconômicas e epidemiológicas dos seus pacientes.

Para além da Universidade

“A Reab é uma rede de reabilitação”, reforça. Este é o principal argumento dela para explicar a diferença do portal para outras plataformas cujo foco é a área médica. A Rede Reab tem tais profissionais dentro dela, mas a principal finalidade não é o setor clínico. “O maior propósito é atender quem teve um AVC, saiu do hospital e foi para casa”, declara Camila.

“O portal é voltado para aquele paciente que precisa de um acompanhamento constante e também da atuação de outros profissionais”, complementa. Buscando responder às questões sobre o quê procurar e onde buscar assistência, a Rede Reab pretende ser essa fonte de informação, conforme defende. “E nas mais diversas áreas dentro da reabilitação”, confirma.

O objetivo da professora para com o portal é de que a rede seja conhecida. “Que a Reab seja divulgada para fora das fronteiras da USP, de forma que o nosso conteúdo realmente possa chegar o mais longe possível”, profere.

Com isso, o que se pretende é fazer com que o portal se torne uma referência. “A proposta é que esse conhecimento possa servir como um guia, um direcionamento. Principalmente nas áreas mais carentes do País, em que as informações são mal passadas e mal compreendidas”, argumenta.

Hoje em dia, com internet e celular, temos uma certa facilidade de disseminação. Mas também temos bastante material impresso, para divulgação nos locais em que talvez a internet não seja tão fácil assim”, termina.

O portal pode ser acessado neste link. Também possui um Facebook e um Instagram, que contribuem para aumentar a visualização e difusão da rede.

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