Novas espécies de invertebrados marinhos são identificadas

Colônia de briozoários da espécie Beania correiae (Imagem: Álvaro E. Migotto)

Cerca de 30 novas espécies pertencentes ao gênero Beania Johnston, que até então possuía somente 75 espécies catalogadas, foram identificadas pela pesquisadora Karine Bianca Nascimento. Doutoranda em Zoologia pelo Instituto de Biociências da USP, ela vem demonstrando contribuições visíveis ao estudo deste grupo de animais carente de informações na literatura. Karine busca, agora, confirmar e detalhar os resultados através da análise molecular, comparando-a às análises morfológicas já efetuadas.

A biodiversidade dos oceanos é um universo à parte sobre o qual o ser humano ainda carece de muitas informações. Diante disso, pesquisadores no Brasil e no mundo se mobilizam para que o conhecimento sobre ela avance cada vez mais.

O gênero Beania pertence ao filo Bryozoa, que é constituído por espécies bentônicas e coloniais. Os briozoários são animais filtradores, amplamente diversos e presentes em todos os oceanos, mas que carecem de aprofundamento e atualização na presente literatura: “Ela está muito fragmentada, e é preciso reunir todos os artigos para efetuar pesquisas. Muitas vezes a literatura é antiga, não está disponível em pdf e só existe nos museus”, comenta Karine.

Algumas das espécies de Beania foram descobertas no século XIX, e suas descrições permaneceram intocadas até hoje. Mas como a tecnologia da época não permitia ver muitas diferenças morfológicas como é possível ver hoje, espécies diferentes acabaram sendo nomeadas com um mesmo nome.

A bióloga cita como exemplo a espécie Beania australis, que é registrada no Brasil e em diversos outros lugares do mundo: “Eu vi, no Museu de História Natural de Londres, que a Beania australis verdadeira tem muito mais espinhos do que a brasileira, mesmo as duas sendo chamadas pelo mesmo nome”.

Indivíduo da espécie Beania australis encontrada no Brasil (imagem: Leandro M. Vieira)

Através de análises morfológicas e moleculares, Karine busca revisar os registros existentes sobre as espécies do gênero Beania e entender como elas se assemelham ou se diferenciam entre si, seguindo uma ótica evolutiva. “Já devo ter visto mais de mil animais”, diz ela, fazendo referência aos exemplares que analisou em importantes museus do mundo, como o Museu de História Natural de Londres e o National Institute of Water and Atmospheric Research (NIWA), na Nova Zelândia.

Ao descrever novas espécies, reunir informações fragmentadas e entender e linha de evolução delas, Karine poderá facilitar o trabalho de futuros pesquisadores e ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade desse grupo de animais que é tão pouco estudado.

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