Países europeus e latino-americanos trazem bons exemplos para avanço na divulgação científica

Alemanha e Chile vêm criando maneiras diferentes de tornar o acesso à produção acadêmica nacional mais acessível

Foto: Marcos Santos (USP Imagens)

[1] Por Carolina Pulice, José Paulo Mendes, Julio Viana e Maiara Prado

Em face das dificuldades enfrentadas pelo País, é importante olhar para fora em busca de exemplos internacionais que mostrem como a promoção da pesquisa e divulgação científica podem ser possíveis e, principalmente, relevantes para a manutenção e crescimento de uma nação que aspire ser avançada.

São muito conhecidas as iniciativas produzidas dentro de países desenvolvidos como Estados Unidos e Inglaterra. No entanto, alguns outros vêm se destacando no campo. Segundo o Projeto Sustentáculos, organização de professores brasileiros que promove o ensino e o desenvolvimento da sustentabilidade dentro dos campos científicos, alguns dos principais exemplos são a França, China e a Alemanha.

Esta última vem desenvolvendo ao longo dos últimos anos uma noção que pretende ultrapassar as superficialidades da divulgação de ciência. Em entrevista dada para a revista Exame em janeiro de 2014, o coordenador das exposições científicas internacionais alemãs “Túnel da Ciência Max Planck”, Peter Steiner, afirmou que o país vem estimulando um diálogo direto entre os cientistas e o público em geral.

Além da costumeira publicação de artigos e participação em palestras, o Ministério Federal de Educação e Pesquisa (BMBF) da Alemanha promove os chamados “Anos da Ciência”, que trazem amostras e iniciativas focadas em temas diferentes anualmente para a população. O governo também entendeu que trazer boas iniciativas de divulgação não adiantaria de nada se elas ficassem concentradas em apenas alguns pontos da nação. É por isso que muitas exposições são sediadas em trens e navios que percorrem diferentes regiões do país.

Porém não é apenas na Europa e na América do Norte que o incentivo e a divulgação da ciência têm crescido. A América Latina vem demonstrando cada vez mais que quer estar entre os melhores do mundo. Luisa Massarani, diretora da RedPOP-Unesco, Rede de Popularização da Ciência e da Tecnologia para a América Latina e Caribe, de 2014 a 2017, afirmou em entrevista à revista eletrônica ComCiência em abril de 2018 que hoje existem quase 500 museus de ciência espalhados pela região latino-americana.

O Chile é o terceiro maior país da América Latina em publicação de artigos de alto impacto segundo o Nature Index 2017, índice da revista Nature que mede a qualidade da produção científica em todo o mundo. A nação criou medidas para a apropriação científica pela comunidade, já que em pesquisas recentes sobre percepção social da ciência e tecnologia, apenas 3,5% dos entrevistados consideravam o investimento no campo a principal prioridade para o avanço chileno. Uma delas foi o Programa Explora de Conicyt, que tenta levar a divulgação de ciência para jovens em idade escolar e estimular seu interesse pela descoberta e pesquisa.

Apesar das tentativas, as recentes crises econômicas na região impactaram muito na criação e desenvolvimento de iniciativas que promovam a manutenção e divulgação da ciência dentro dos países latino-americanos. No entanto, é importante notar os exemplos, grandes e pequenos, que existem pelo mundo no campo. É preciso perceber a ligação que existe entre a promoção científica e o crescimento econômico e social na maioria deles e, principalmente, como apenas a educação e o conhecimento permitirá a criação de novas maneiras sustentáveis de se viver. O projeto Sustentáculos resume essa necessidade: “Estamos todos no mesmo barco: ricos e pobres, países desenvolvidos ou não. É urgente o desenvolvimento de ações conjuntas”.

[1] Todas as grandes reportagens desse ciclo são datadas e foram escritas ao longo do primeiro semestre de 2018 até o seu término.

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