Jornalistas ainda legitimam estereótipos de gênero e não dão voz ao LGBTs

Participantes da 19ª Parada do Orgulho LGBT na Avenida Paulista, São Paulo - SP, Brasil neste domingo 07 de junho. Foto: Leo Pinheiro / Fotos Públicas

Os jornalistas ainda não estão preparados para falar sobre diversidade. Por isso, reforçam estereótipos de gênero e o modelo de sexualidade legitimado socialmente. Essa é a principal conclusão da dissertação Signo da Diversidade: narrativa e compreensão jornalística com pessoas LGBT, defendida por Gean Oliveira Gonçalves como conclusão de seu mestrado na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Segundo o estudo, são poucas as iniciativas jornalísticas que conseguem tratar o tema da diversidade com maior sensibilidade.

A pesquisa foi feita através da análise de três livros-reportagem que tratam da temática LGBT: O Nascimento de Joicy, de Fabiana Moraes; Muito Prazer – Vozes da Diversidade, de Karla Lima e Entre a Cruz e o Arco-íris, de Marília de Camargo César. As autoras também foram entrevistadas. Gean explica que decidiu pesquisar a respeito ao notar o olhar da grande mídia em relação aos LGBT. “O jornalista vai com um olhar heterocentrado para as suas matérias”. De acordo com o cientista da comunicação, por mais que exista uma maior representatividade atualmente, ou seja, mais mulheres e mais LGBTs repórteres, existe uma “normativa” que faz com que o grande personagem da mídia, que quase sempre recebe o direito de fala, seja um homem, branco, cisgênero, entre outras características. Os gays, as lésbicas, os bissexuais e transsexuais só falam sobre sexualidade, como se só estivessem aptos a falar sobre este único assunto.

Segundo o autor, a pesquisa é importante porque o jornalismo, além de informar, produz histórias que podem contribuir para mudar o imaginário da sociedade sobre a comunidade LGBT. Portanto, é oportuno que essas narrativas sejam mais sensíveis, fugindo de padrões pré-estabelecidos.

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