Estudantes buscam universidade mais sustentável com ajuda da programação

Evento Hackathon USP reuniu estudantes de diversas unidades e apresentou soluções inovadoras para saúde financeira da USP

Cerca de 150 estudantes participaram dos workshops e competição Foto:USPCodeLab

Como utilizar a tecnologia em favor da sustentabilidade financeira das universidades? Esse foi o desafio proposto pelo HackathonUSP, evento que reuniu cerca de 150 estudantes dispostos a aprenderem mais sobre programação e utilizarem a tecnologia em favor de um mundo mais justo. Organizado pela USPCodeLAB, projeto de extensão do Instituto de Matemática e Estatística, a iniciativa quer democratizar o ensino da programação e estimular a participação de jovens na busca de soluções tecnológicas para problemas práticos.

Um Hackathon é uma competição onde times se reúnem para fornecer soluções criativas e tecnológicas sob pressão. O prazo para que as equipes apresentem os seus projetos de softwares (aplicativos ou sistema web) ou hardwares é de 24 horas. Se inspirando em exemplo de apps já existentes da área financeira, os estudantes precisaram utilizar o conceito de FinTech também na universidade.

Para os estudantes, o evento é uma forma de colocar em prática o conhecimento adquirido e saber lidar com a pressão. Kaique Meirelles, integrante do grupo que conseguiu o primeiro lugar, destaca a importância do evento para testar os seus conhecimentos. “É o momento de se superar na hora H e trabalhar em equipe. Além do networking, muito importante para as carreiras”, comenta. Mais que o desenvolvimento das habilidades técnicas, os estudantes também puderam aprender mais sobre o núcleo administrativo e financeiro de instituições públicas. “Isso comprova a ideia que a tecnologia pode resolver muitos problemas que não sejam necessariamente relacionados à própria tecnologia”, complementa.

Kaique, com a ajuda de Fábio Ono, João Vittor Teixeira e Leonardo Leone, construiu uma plataforma online que disponibiliza os laboratórios da Universidade de São Paulo para locação, utilizando a tecnologia e a ciência de dados como forma de resolver alguns dos problemas financeiros enfrentados. “A maior contribuição do projeto foi o pilar de pesquisa. Com ele, seria mais fácil manter e aprimorar os equipamentos e materiais, possibilitando que empresas que não possuem os equipamentos específicos possam realizar pesquisas com maior eficiência. Todo mundo sai ganhando, tanto a USP quanto aqueles que contratarem o serviço”, explica.

Na edição passada do evento, alunos criaram o projeto “SancaLight”. O hardware, de baixo-custo, ajuda a contabilizar o gasto com iluminação pública nos postes, alterando a dinâmica existente que só estimava os valores e não os media com exatidão.

Licitações sustentáveis

Outros dois projetos finalistas tiveram como tema central a preocupação com as licitações feitas pela universidade. O grupo de Italo Alberto do Nascimento Sousa utilizou a página da Transparência USP como modelo a ser melhorado. Após a análise das informações, o grupo concluiu que a forma disposta não era eficiente e dificultava o entendimento da população geral. Além de comparar com o preço pago pelo mesmo item em diversos departamentos da USP, a plataforma também utiliza o sistema Google Shopping para comparar com os valores externos disponíveis na internet. “Foi possível visualizar por meio do nosso site quando a USP perdeu ou ganhou dinheiro nas compras das licitações do mesmo produto em comparação com os menores preços apresentados na web, e visualizar quais as diferenças de gastos de compras do mesmo produto entre diferentes institutos da USP”, explica. O trabalho ficou com o segundo lugar da competição.

Competidores celebram a segunda colocação Foto: Italo Alberto

Já a terceira colocação ficou com o projeto responsável por melhorar o método de vigilância das licitações feitas pela instituição. Por meio de um sistema de ranking, Felipe Noronha, Rafael Tsuha, Gustavo Bastos e Guilherme Moreno criaram uma forma do cidadão comum ter acesso mais fácil aos valores, “ao contrário do que acontece hoje, quando até mesmo nós estudantes do Instituto de Matemática encontramos dificuldades”. Ao comparar e apresentar de forma realmente transparente, civis podem denunciar irregularidades e valores suspeitos. “Encontramos o mesmo artigo mais barato na internet do que aquele comprado pela universidade. Em nosso sistema, o cidadão poderia denunciar e mostrar que existe mais barato na internet, assim, da próxima vez que a universidade for comprá-lo, ela saberia que o valor da licitação está acima do mercado e poderia pedir um novo leilão, pois existe a possibilidade de um preço menor”, explica Noronha.

Mulheres na programação

Para Beatriz Guidi, o evento foi sobre mais do que somente aprendizado. Além da oportunidade de exercitar o seu sentimento empreendedor, o Hackathon foi uma chance de mostrar o trabalho de mulheres na área. O seu grupo de trabalho criou a plataforma “Fixate”. Nela, a administração da universidade pode passar a gerir de forma mais rápida e eficiente todos os patrimônios da instituição.

É preciso incentivar as mulheres que já estão na área. Quando tive professoras e conheci mulheres que trabalhavam no campo, vi que esse, de fato, é um caminho que podemos seguir. Quanto mais normalizada for a presença das mulheres na área, mais confiança isso gera. Não é apenas uma questão de ativismo: é uma questão de se dar a oportunidade de ter a vida que você deseja”, conclui.

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