Ética e filosofia crescem na neurociência

Matérias de humanas são necessárias para o exercício médico de qualidade

Novos medicamentos que estimulam o cérebro para melhoramento abrem margem para debate ético

As aplicações médicas dos estudos do cérebro estão mais evoluídas e levantam novos questionamentos sobre valores éticos. Novos gadgets e smart drugs são comercializados para o aumento do potencial do cérebro, além das cirurgias e procedimentos médicos que lidam com memória, sentimentos e questões mais profundas que apenas um órgão. “As implicações clínicas, em que refletir sobre essas questões muda a conduta de um médico ao oferecer um tratamento, ou prescrever um medicamento, quando, como e para quê prescrever” comenta a professora Mônica Aiub, expositora no evento Filosofia da Mente, Filosofia da Neurociência, Neuroética e Medicina: Da Pesquisa à Clínica que ocorreu no Instituto de Estudos Avançados da USP.

Mônica ainda comenta a importância de matérias da área das humanidades para um médico lidar melhor com essas questões “desde uma reflexão sobre como estou significando aqueles dados que vem, como estou observando, dentre aquelas várias possibilidades, a que é mais adequada para a pessoa e quais são as implicações disso” e ainda complementa que “isso exigiria, e exige, um aumento de repertório do médico, não apenas na sua área, mas em outras áreas também para dar conta dessas outras questões que vão chegando, o que torna o trabalho mais complexo, mas muito mais efetivo”.

“Temos pesquisas financiadas por laboratórios, investimentos maiores ou menores em determinadas áreas, para quem essa tecnologia é desenvolvida, é oferecida e para quem não é, então temos questões econômicas ‘grandissíssimas’”, comenta Mônica. A movimentação econômica que as neurociências geram são muito significativas para suas pesquisas e para o seu desenvolvimento. Cada vez o dinheiro investido nessas questões é maior e, por isso, passa a existir um novo conflito dessas questões “principalmente, de mercado, indústria farmacêutica investindo em pesquisa para aumentar seu mercado, é daí que surge essa idéia de medicamentos que vão não só servir para um tratamento de fato mas que vão servir para um desenvolvimento de habilidades, que são vendidos dessa maneira sem levar em conta as implicações disso” afirma a professora.

Para o futuro de estudos dessa área, Mônica comenta que: “ela vem crescendo no nosso país, no campo da filosofia da neurociência a gente tem um GT na associação nacional de pós-graduação em filosofia que pesquisa essas questões, tem um grupo forte de estudos em filosofia da mente também, então é uma área que é bastante discutida lá fora e vem crescendo aqui, e o que é bacana é que nosso crescimento aqui acompanha este movimento”.  

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