Modelo estatístico fornece dados sobre o impacto do aquecimento global nas cidades

Ferramenta permite detectar padrões de aquecimento e oscilação de temperatura e pode auxiliar na decisão de políticas públicas

Efeitos do aquecimento varia conforme local e pode se manifestar até mesmo com a queda da temperatura média (imagem: Pexels)

O aquecimento global é um dos maiores problemas a ser enfrentado pelas futuras gerações. O desenvolvimento tecnológico e esgotamento dos recursos naturais de forma desenfreada causa o superaquecimento da Terra e, como consequência desequilíbrio no clima, como a queda brusca de temperatura em determinadas regiões. Para medir o real impacto do aumento da temperatura média nas cidades, o pesquisador Rodrigo Alves, do Instituto de Matemática e Estatística da USP, aprimorou um modelo estatístico capaz de entender as oscilações climáticas e ajudar as autoridades locais a lidarem com os danos.

Para apresentar resultados satisfatórios, o modelo utiliza a análise de séries temporais de dados para fenômenos medidos em décimos de segundos, minutos, horas, dias, meses e anos. A temperatura média das cidades foi apenas um dos fenômenos estudados pelo pesquisador. Com o uso de banco de dados disponíveis desde o início da medição de temperaturas, a ferramenta foi alimentada com as informações atualizadas até 2018. A ideia foi entender a tendência apresentada e detectar se houve um aumento ou diminuição na temperatura média das cidades estudadas. Segundo Rodrigo, não é possível afirmar a existência de um aquecimento global uniforme pois cada cidade apresenta um padrão e característica. “Desde 1995, houve um aquecimento de 3°C em algumas cidades e 1ºC em outras. Em outros locais não houve aquecimento ao longo do tempo”, comenta.

Ter conhecimento sobre os impactos do clima nas regiões estudadas pode ajudar as autoridades públicas a se prepararem para queda de produtividade das safras, alteração nas estruturas da flora e fauna local e até mesmo elevação do nível do mar. O modelo nesta aplicação também pode ser utilizado para entender o padrão de gasto energético de uma cidade. A análise e cruzamentos dos dados pode ajudar a entender se ocorrerá um maior consumo de energia para melhorar os processos de produção e assim evitar desperdícios ou apagões ocasionados pelo aumento ou diminuição da temperatura no local.

Segundo o professor Gilberto de Paula, orientador da pesquisa, o modelo é um ajuste de um já existente, criado pelo pesquisador Steven Wood e pode ser adaptado para qualquer cidade. Na experiência original, Wood estudou todos os dados disponíveis de temperatura da cidade do Cairo até o ano de 2005. O modelo concluiu a existência de uma tendência de aquecimento. Alves atualizou a série de dados e pode constatar um aumento ainda maior na temperatura média.  Para os pesquisadores, a ferramenta estatística atual resolve de maneira mais eficiente problemas apresentados pelo trabalho original, dando maior precisão e elasticidade aos dados. “Na estatística nossa maior preocupação é desenvolver o modelo teórico e que ele seja, no mínimo, competitivo com outros existentes, e apresente um melhor ajuste”, comenta Alves.

Além do estudo das temperaturas, diversas variáveis podem ser analisadas, desde que satisfaçam os pressupostos do modelo, caso da temperatura, precipitação, umidade e níveis de poluição. Originário de Goiás, indica que os resultados podem auxiliar empresários e o poder público na tomada de decisões e aumentar ainda mais a qualidade de sua produção agropecuária.

Para dar sequência ao estudo, pretende adaptar o modelo para aplicar o modelo dentro do hospital que trabalha no dia-a-dia. O objetivo é entender a relação entre temperatura, umidade e os números de óbitos e infecções, com as categorias de doenças apresentadas (respiratórias, gastroenterites, dengue, leptospirose). Os resultados poderão ser utilizados para melhorar a eficiência e estratégia adotados pelos serviços públicos e privados voltados à saúde.

 

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