Sistematização de dados abre espaço para criação de Centro de Memória da FAU

Mestrado sistematiza dados de 251 professores da área de Projeto da FAU, e abre espaço para o desenvolvimento de um Centro de Memória do instituto

Ilustração simplificada do que é um Centro de Memória, com os três tipos de acervo citados adiante pela pesquisadora. Fonte: Lígia de Castro.

O ano passado foi um ano de comemoração para a FAU-USP: chegou sua vez de assoprar setenta velas de aniversário. Para evocar e celebrar tal episódio, diversos eventos foram organizados ao longo dos 12 meses, em uma tentativa de resgatar a memória dessa instituição tão presente na sociedade. Em consonância ao tema, também foi concluída a dissertação Os professores de projeto da FAU-USP (1948-2018): esboços para a construção de um centro de memória, da pesquisadora Luciene Ribeiro dos Santos. De grande importância para tal resgate, a pesquisa sistematiza dados de todos os professores que já atuaram na área de Projeto da FAU desde a sua criação.

Ao todo, foram 251 docentes. Cada um deles foi catalogado de forma que seu ano de ingresso e, em muitos casos, de egresso, ficassem registrados juntamente a dados sobre as atividades pelas quais foram responsáveis enquanto eram professores. Com isso, não só se criou um extenso e acessível banco de dados, como também se abriu espaço para a construção de um futuro Centro de Memória para a FAU-USP.

O que é?

Centro de Memória é, essencialmente, um lugar onde ficam guardados inúmeros documentos e registros (tal qual os feitos por Luciene Ribeiro), e em vários formatos, para que a sociedade possa acessar a história de um instituto e, consequentemente, evitar o seu apagamento. A Faculdade de Educação (FEUSP), o Instituto de Química (IQ-USP), a Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF-USP), a Faculdade de Saúde Pública (FSP-USP), e a Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP-USP) são exemplos de unidades da Universidade de São Paulo onde esses centros já foram instaurados.

Para tal instauração, é necessário que exista um espaço físico disponível ao instituto, e que esse espaço seja dividido, como o definiu Luciene, em três partes, que contenham três tipos de acervo: a Biblioteca, o Arquivo e o Museu. “Na Biblioteca estaria tudo referente a produções acadêmicas, como livros, publicações, revistas, teses e dissertações; ou seja, o material bibliográfico. No Arquivo, tudo referente a documentações: documentos institucionais, ofícios, atas de reunião. E no Museu estariam preservados objetos, quadros, esculturas, modelos de desenho industrial que os professores produzem, e coisas assim mais palpáveis.”

No caso da FAU, embora o espaço para isso ainda não tenha sido pensado, e outros Departamentos não tenham sistematizado seus dados (como feito agora com parte do Departamento de Projeto), a pesquisa de Luciene abriu espaços e sugeriu caminhos para que tais coisas possam ser realizadas. Por isso, um passo importante foi dado na direção dessa criação. “Eu falei sobre o Departamento de Projeto, porque é esse o universo em que estou inserida no dia a dia, mas nada impede que outros usem essa metodologia para a faculdade toda.”

O processo de sistematização

Quando começou a organizar os espalhados arquivos da FAU, Luciene Ribeiro ainda não planejava fazê-lo como um projeto de mestrado. Formada em Letras pela FFLCH, ela começou a trabalhar na biblioteca da FAU em 2006, e se mudou então para a secretaria do Departamento de Projeto (AUP) em 2008. Ali, se deparou com a necessidade de sistematizar tais arquivos, conforme pesquisadores solicitavam-os e eles não eram encontrados com facilidade. Organizou tabelas e bancos de dados, até que, pela orientação do professor Alessandro Ventura, transformou essa atividade em uma pesquisa em 2016.

Ilustração da sistematização de dados feitos pela pesquisadora Luciene Ribeiro dos Santos. Fonte: Lígia de Castro.

Os programas das disciplinas são guardados, desde 1948, no acervo histórico da faculdade. Foi por eles que Luciene começou a se guiar: “eu fui pegando os nomes dos professores, um por um, e fiz uma lista, um banco de dados. Com base nesses nomes que eu levantei, pedi os processos de contrato docente arquivados na Universidade, e tive apoio do SAS [Superintendência de Assistência Social da USP] e do arquivo Central para me mandar todos eles. E então eu os pegava, consultava, escaneava o que era necessário, olhava as datas de contratação, olhava as particularidades sobre a pessoa que eu achasse importante, e ia tabulando tudo isso (consultando o processo e devolvendo-o depois)”. Além disso, também citou em sua dissertação que recorreu a materiais bibliográficos (livros que continham informações biográficas sobre professores, ou informações sobre o próprio instituto), e entrevistou quatro professores (Alessandro Ventura, José Colucci, Edgar Dente e João de Deus Cardoso) para finalizar o processo.

Esse trabalho “de formiguinha”, como ela mesma diz, possibilitou enfim que, no ano passado, a pesquisa fosse concluída e 251 nomes fossem registrados. Após a publicação da dissertação, Luciene conta que vários professores mencionados entraram em contato para agradecê-la, por sentirem que voltavam então a fazer parte da história do instituto. E reside aí, nesses agradecimentos, parte da importância de uma pesquisa como essa: ela mantém viva na Memória aqueles que trabalharam na construção de instituições como a FAU.

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