Caminhada resulta em menor sobrecarga no sistema cardiovascular

A prática promove diversos benefícios para pacientes com doença arterial periférica

Treinamento aeróbico é um grande aliado na luta contra doenças cardíacas. Foto: Daniel Reche / Pixabay

A prática de caminhada proporciona uma melhora no sistema cardiovascular, além de diminuir o estresse oxidativo e a inflamação, indicadores de doenças cardíacas, nos pacientes com doença arterial periférica. A tese de doutorado de Aluísio Andrade Lima buscou analisar processos patológicos que normalmente estão associados ao risco cardiovascular. “A ideia do projeto que foi desenvolvido era ver o efeito do treinamento não apenas nos aspectos clínicos, mas também nos processos que se associam”, afirmou Cláudia Forjaz, orientadora do trabalho e professora da Escola de Educação Física e Esporte da USP (EEFE).

A doença arterial periférica é uma enfermidade cardíaca, caracterizada pelo entupimento de vasos sanguíneos nas áreas periféricas do corpo, principalmente nas pernas. Os principais sintomas apresentados pelos pacientes são claudicações intermitentes na região e a sensação de fadiga nas pernas. “Com o fluxo sanguíneo fica obstruído, em uma situação de esforço, como ao caminhar, o músculo fica isquêmico, causando dor”, explicou Cláudia Forjaz. A doença também está relacionada a diversos problemas cardiovasculares, e pode ser considerada como um alerta para outras enfermidades, como AVCs e infartos.

A pesquisa foi feita através de dois grupos: um grupo controle, praticando apenas alongamentos, que não provocam alterações, e o outro grupo, que fazia o treinamento de caminhada. “Ambos os grupos receberam a indicação de que deveriam caminhar 30 minutos por dia, que é um tratamento padrão”, relembrou Forjaz. Ao final do estudo, o grupo controle também teve a oportunidade de receber o programa de treinamento do outro grupo.

O treinamento foi feito baseado na frequência cardíaca a partir da qual os pacientes começavam a sentir dor. “O momento em que eles começam a sentir a dor está relacionado a uma intensidade metabólica considerada ideal para o treinamento aeróbico”, explicou a professora. A partir daí, os participantes fizeram 15 séries de dois minutos de caminhada seguidos de dois minutos de repouso, duas vezes por semana, durante 12 semanas. A medida que os treinamentos progrediram, a inclinação da esteira era aumentada para manter a frequência cardíaca estabelecida para cada paciente. Além disso, também ocorreu um teste de caminhada máxima no início e no fim do estudo para ambos os grupos.

Para a análise dos resultados, foram feitas medidas antes da primeira semana e ao fim da décima segunda semana de treinamento. Os dados obtidos comprovaram que o treinamento proporcionou uma diminuição do estresse oxidativo e da inflamação, além de uma melhora da disponibilidade de óxido nítrico. Os resultados também replicaram números já obtidos em estudos anteriores relativos ao aumento da capacidade de caminhada e melhoras cardíacas gerais no corpo, como por exemplo a diminuição da pressão arterial.

Quanto ao teste da caminhada máxima, os pesquisadores puderam observar que, mesmo após o treinamento, os índices analisados se mantiveram iguais. “A nossa ideia era verificar se, após o treinamento, estas respostas estariam atenuadas, e a resposta é que não. Elas não estão atenuadas, mas os pacientes conseguiram chegar em uma intensidade maior”, explicou Forjaz. Assim, obtiveram-se as mesmas respostas fisiológicas com um esforço muito maior.

A professora destacou a importância dos resultados obtidos, apontando que “o treinamento promoveu a melhora de processos que estão relacionados ao risco cardiovascular, melhorando a função cardiovascular e a regulação autonômica. Essas adaptações todas podem contribuir para uma redução de mortalidade cardiovascular nessa população”.

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