A precária industrialização brasileira causa danos ao País

[Thaislane Xavier - Agência Universitária de Notícias]

Quando se estuda história na escola um dos principais fenômenos vistos é a industrialização de uma sociedade, ou seja, o momento histórico e social onde a indústria se torna o setor de maior participação na economia. Esse processo afeta todos os setores de uma sociedade, desde o espaço geográfico até as relações interpessoais. No Brasil, essa fase se deu de uma maneira diferente, afetando negativamente o País.

Países no estágio inicial de desenvolvimento costumam ser majoritariamente agrícolas. A fase intermediária é a de industrialização. Já na mais “avançada”, a sociedade é predominantemente de serviços. Em países desenvolvidos, a indústria só começou a perder participação no PIB quando eles tinham uma renda per capita muito elevada. “Já no Brasil a indústria começou a perder muito antes disso”, explica Paulo César Morceiro, autor da tese A indústria brasileira no limiar do século XXI: uma análise da sua evolução estrutural, comercial e tecnológica.

Em sua pesquisa, Moceiro buscou entender melhor as causas desse processo e, assim, oferecer um subsídio para o governo entender o que precisa ser feito. “Não há causas exatas que expliquem a desindustrialização, são vários fatores que acabaram contribuindo”.

No início dos anos 1980 o Brasil entrou em crise com a dívida externa. O problema, então, deixou de ser o crescimento econômico e começou a ser controlar a inflação. O país diminuiu sua política industrial e setores mais modernos, vulgo tecnológicos, acabaram tendo baixo potencial. “Outra causa foi a diminuição do investimento público”, afirma o pesquisador. “Gastávamos 5% do PIB [Produto Interno Bruto] até os anos 1970 e depois da década de 1980 gastamos 2% do PIB”.

Além disso, o Brasil não possuía grande posição no mercado e seus acordos foram feitos para que o país importasse cada vez mais. Somando isso a intensos momentos do câmbio real, nos quais o produto brasileiro se encarecia e o internacional caia de preço, perdemos competitividade para exportar e o estrangeiro ganhou competitividade no mercado nacional. “Então, o setor industrial quebrou e começou-se a substituir o produto nacional pelo importado”, explica Morceiro.

Toda essa perda causou danos vivenciados até hoje pela nossa população. Vários produtos que usamos na parte de serviços, os chamados de bens de capital (computador; colheitadeira), são de cunho industrial. Ou seja, a indústria faz e vende muita inovação. Ela também tem cadeias de produção longas e empregando mão de obra cada vez mais qualificada. Em outras palavras, “sem uma indústria forte não há potencial de emprego de qualidade e o poder de inovação e transformação da sociedade diminui muito”.

Uma das melhores formas de conseguir melhorar a situação de atraso tecnológico no Brasil é investindo em educação e pesquisa. No entanto, o atual governo parece não concordar, já que no fim de abril anunciou o congelamento de R$ 1,7 bi dos gastos das universidades. Temos uma demanda grande de produtos com tecnologia avançada em solo brasileiro, mas infelizmente precisamos importá-los.  Após anos de pesquisa, Morceiro conclui que “a educação é a base para ciência e tecnologia” e afirma que é triste ver tais cortes sendo feitos.

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