Imunoterapia mostra eficácia para tratamento de tumores associados ao HPV

Estudo realizado em camundongos tem perspectivas de evolução para testes em humanos com objetivo de combater cânceres causados pelo Papilomavírus humano

Foto: Pixabay

O Papilomavírus Humano, mais conhecido como HPV, é responsável por desenvolver diversas doenças, sendo o câncer de colo do útero umas das principais. Apesar da existência de vacinas que impedem a infecção por esse microrganismo, a cobertura vacinal, atualmente, não é a adequada. Em função desse problema, Bruna Maldonado, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, desenvolveu um estudo sobre a aplicação de imunoterapia para tratar tumores associados ao HPV em camundongos. 

A abordagem terapêutica foi a principal: inicialmente as células tumorais eram implantadas para, em seguida, serem feitas as imunizações com o antígeno. Segundo Bruna, “[esse método] é mais adequado quando se fala de tratamento de tumores, porque geralmente é o que acontece, as pessoas procuram atendimento quando já estão doentes”. 

Quando as células do tumor eram colocadas nos animais, expressavam as oncoproteínas E6 e E7, responsáveis pelo desregulamento do ciclo celular. “É a expressão dessas proteínas que levam à malignização das células e à indução do câncer”, explica a pesquisadora. Após a formação do tumor, eram administradas duas doses de imunização com um antígeno, oriundo da fusão genética de duas proteínas: uma delas, a E7, associada a GD, juntamente com o imunomodulador Poly IC. 

O princípio básico da imunoterapia é ativar o sistema imunológico para reconhecer e atacar um tumor. Nesse caso, a oncoproteína E7 foi utilizada para acordar o sistema imune. A GD e o Poly IC tiveram papel de adjuvantes, responsáveis por auxiliar na montagem de uma resposta imunológica eficiente. Essa resposta é baseada em linfócitos chamados de TCD8, que reconhecem e matam células tumorais. 

Os resultados foram muito positivos. 100% dos camundongos permaneceram livres do tumor. O tratamento induziu uma resposta antitumoral. Quando associado a quimioterapia houve o desaparecimento completo de tumores, mostrando-se um método extremamente efetivo.

Antigamente, a vacina era administrada nas escolas e tinha uma grande cobertura na população alvo (meninas de 9 a 13 anos). Após migrar para a aplicação em postos de saúde, houve uma queda no número de vacinados. Atualmente, em meio a discursos antivacina, diversas pessoas acham que elas trazem mais malefícios do que benefícios. “Nossa geração não presenciou as doenças que são prevenidas através das vacinas”, comenta a pesquisadora. 

De acordo com Bruna, a importância do desenvolvimento deste tratamento reside na falta desta cobertura vacinal que deixa a população exposta a cânceres induzidos pelo HPV. “Precisamos de estratégias que cubram essas mulheres e homens, que também são vítimas desses tipos de tumores. Se não conseguimos prevenir, precisamos tratar”. Em função dos excelentes resultados, como perspectivas futuras existe um projeto em andamento para que os testes possam ser feitos em humanos.

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