Criança no espectro autista tem desempenho normal na resolução de problemas

Apesar de diferença no tempo, crianças com TEA tiveram mesma pontuação em resolução de tarefas que crianças em desenvolvimento típico

Crianças com TEA foram analisadas em funções executivas, como a flexibilidade de tarefas e resolução de problemas. Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Pesquisa da Faculdade de Medicina da USP, de Ana Carolina Martins Cortez, analisou as funções executivas – processos cognitivos, memória de trabalho, raciocínio, flexibilidade de tarefas e resolução de problemas, bem como seu planejamento e execução –  em crianças com transtorno do espectro autista (TEA), correlacionando seus desempenhos com as tarefas de leitura. Com isso, buscou-se verificar se o funcionamento adequado das funções executivas seria um pré-requisito para o desenvolvimento das habilidades de leitura nessas pessoas.

A dissertação de mestrado concluiu que crianças com TEA apresentam desempenho semelhante a crianças em desenvolvimento típico na leitura de palavras e pseudopalavras. Cortez destaca que o desfecho encontrado causou grande espanto: “O fato dos dois grupos terem apresentado desempenhos semelhantes nas tarefas de funções executivas foi uma grata surpresa. Estatisticamente, não houve diferenças entre as pontuações nas tarefas de Funções Executivas, mas uma diferença significativa no tempo de resolução entre os grupos“.

A pesquisadora ressalta que o interesse pela área foi decisivo para realização da análise: “O tema da minha pesquisa é a junção de duas grandes áreas que me interessei ainda enquanto aluna de graduação: autismo, leitura e escrita“. Ana também destaca a importância do estudo para a literatura na área. “Pesquisas que investiguem quais os pré-requisitos para o desenvolvimento destas habilidades de leitura e escrita ainda precisam ser desenvolvidas”, diz, destacando que investigar e compreender as habilidades e dificuldades destas crianças sempre foram seu objetivo, visando uma “prática clínica cada dia mais baseada em evidências científicas”.

Martins comenta que pretende seguir o tema no doutorado, quando buscará ampliar e desenvolver a temática para além da leitura. “Continuamos investigando variáveis relacionadas às habilidades de leitura e escrita destas crianças. Atualmente estamos desenvolvendo um estudo para dissertação do Doutorado que tem como objetivo caracterizar os processos evolutivos de escrita apresentados por crianças com diagnóstico de TEA”, explica.

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