Poluição é responsável por milhões de mortes prematuras por ano

Reprodução: Freepik

A Revista Lancet Countdown monitora as relações entre saúde pública e mudanças climáticas. Anualmente, a publicação divulga um relatório sobre o estado das transformações do clima e da saúde humana, oferecendo aos chefes de Estado orientações para políticas públicas de mitigação de danos. Este ano, o documento foi lançado no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, trazendo para o Brasil recomendações em quatro áreas: vulnerabilidade a doenças transmitidas por mosquitos, carvão, poluição do ar e emissões dos setores da saúde.

“No início dos anos 80, quando comecei a trabalhar com a temática da poluição do ar e saúde, o ramo da medicina que atuava com questões ambientais estava restrito aos mosquitos e à água”, relata Paulo Saldiva, diretor do IEA e co-autor do relatório Lancet Countdown Brasil. Atualmente, “a poluição está nos livros-textos de medicina e a ciência já produziu o suficiente para mostrar que um número substancial de mortes é decorrente da poluição do ar”, explica. Em 2015, as doenças causadas por poluição foram responsáveis por cerca de 9 milhões de mortes prematuras, número três vezes maior que as mortes por aids, malária e tuberculose.

Vista da poluição na cidade de São Paulo. Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Ao falar de mudanças climáticas é necessário discutir equidade, destaca a médica Mayara Floss, também co-autora do relatório Lancet Countdown Brasil. “Pois quem tem menos dinheiro sofre as consequências primeiro”, acrescenta Floss. Nos casos de doenças respiratórias e cardiovasculares, o endereço consegue ser mais importante que fatores genéticos. Saldiva conta que “perde-se cerca de um ano e meio de vida por estação de metrô saindo da Sé”. Ou seja, quanto mais periférica a região, mais vulneráveis estão seus habitantes.

Recomendações Lancet

Sendo o sétimo maior emissor de gases do efeito estufa (GEE) no mundo, o Brasil ocupa uma posição de importância na mitigação das mudanças climáticas, enfatiza Floss. Reafirmar o compromisso nacional de zerar o desmatamento ilegal até 2030, assim como acabar com a geração de energia oriunda da queima do carvão estão entre as recomendações da Lancet. Há também diretrizes para o desenvolvimento de uma versão brasileira do Índice de Qualidade do Ar. (IQA).

Outra recomendação está relacionada às doenças transmitidas por mosquitos. Floss esclarece que houve um aumento da capacidade vetorial dos mosquitos, ou melhor, na capacidade de transmitir doenças. Para enfrentar essa situação, o relatório recomenda, entre outras coisas, o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde (APS), assim como “oferecer acesso universal ao saneamento básico, à água potável, à gestão de resíduos e à educação para controlar a transmissão do vetor”.

As discussões sobre o papel da medicina em relação às mudanças climáticas estão ganhando cada vez mais profundidade. Diante disso, o IEA desenvolveu o Curso EaD de Saúde Planetária para que os profissionais da área de saúde.

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